São Paulo ? As indefinições sobre o andamento da economia no final deste ano para 2006 impediu que as empresas contratassem mais pessoas em outubro na Grande São Paulo, avaliou Alexandre Loloian, da Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade), do governo do Estado de São Paulo.
Ele é um dos coordenadores da Pesquisa de Emprego e Desemprego desse mês, divulgada hoje (23). A pesquisa é feita pela Seade e pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos (Dieese) e indicou uma taxa de desemprego estável na região, de 16,9% da População Economicamente Ativa.
De acordo com o coordenador do Seade, o mês de outubro costuma ser um mês de redução do desemprego e aumento nas contratações, devido às vendas de fim de ano. Essa tendência não teria se mantido devido a indefinições quanto aos rumos da economia. "Essa estabilidade manifesta um momento de insegurança e incerteza em relação ao ritmo de crescimento da economia", afirmou Loloian.
"É um momento de medo e de insegurança em relação ao mercado de trabalho, porque o mês de outubro seria de se esperar, pela série de 20 anos da pesquisa, que tanto houvesse mais pessoas procurando emprego no mês de outubro, para o final de ano, quanto um maior nível de oferta de trabalho."
Segundo o coordenador do Seade, uma das conseqüências dessa indefinição é o aumento do número de trabalhadores sem carteira de trabalho assinada. A pesquisa indica que quase 50 mil pessoas entraram no mercado informal em outubro, um aumento de 4,4% em relação a setembro.
"Esse é outro dado típico desses momentos de insegurança e indefinição sobre os rumos. As contratações realizadas foram feitas sem carteira de trabalho, o que é diferente do que vinha acontecendo nos meses anteriores", afirma Loloian.
Apesar da estabilidade na taxa de desemprego, o comércio atinge o terceiro mês consecutivo de criação de novos postos de trabalho na Grande São Paulo. Em outubro, o setor expandiu as vagas em 1,8%, com crescimento de 24 mil ocupações, ocasionadas pelo otimismo quanto às vendas de fim de ano.
"É uma aposta que os empresários do comércio estão fazendo e uma aposta razoável, porque este ano nós não tivemos um efeito de desemprego muito forte, o emprego se manteve. A renda está crescendo muito pouco, mas continua a crescer", diz Loloian.
"Há perspectivas de que realmente as vendas do final de ano sejam superiores ao ano passado, tanto por efeito do crescimento do emprego como da renda." Para os meses de novembro e dezembro, o coordenador do Seade acredita que a tendência de aumento no comércio deverá continuar.
