O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, evitou discutir nesta sexta-feira (18) qual o peso que a instituição está dando para a recente rodada de valorização do real e seus impactos sobre a inflação de 2007, mas deixou claro que a trajetória do dólar tem influência relevante nas decisões tomadas pelo Comitê de Política Monetária (Copom).
"Evidentemente, se muda o patamar da taxa de câmbio de uma reunião do Copom para outra, isso afeta as projeções", disse, explicando que o BC usa dois tipos de modelagem, um que leva em consideração o câmbio que prevalece no período mais próximo à reunião do Copom e outro que leva em conta o câmbio previsto para o final do ano seguinte.
Embora tenha admitido o peso do câmbio nas projeções do BC, Meirelles fez questão de ressaltar que outros indicadores, como os níveis de demanda de atividade, também têm grande relevância nas decisões tomadas pela diretoria colegiada do BC.
Meirelles aproveitou a entrevista coletiva à imprensa para rebater matéria publicada hoje no jornal Folha de S.Paulo, na qual se diz que ele teria afirmado ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva que o Copom reduzirá a Selic em 0,5 ponto porcentual na próxima reunião do Copom.
O presidente do BC esclareceu que a taxa de juros é estabelecida a partir dos votos de cada um dos diretores que participam do Copom e que a decisão de cada um é livre. "Em função disso, é impossível predeterminar qual será a decisão na próxima reunião. Até porque a decisão não existe, ela é tomada no dia", afirmou. "É óbvio que não comentamos qual será a decisão do Copom", acrescentou.
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, também saiu em defesa de Meirelles, e classificou como absurda a informação de que o presidente do BC teria informado o resultado da próxima reunião do Copom. "O governo jamais se pronuncia com antecedência a respeito do que irá acontecer", concluiu.