Único nome novo do PT no primeiro escalão do governo, a ex-prefeita de São Paulo Marta Suplicy é a nova ministra do Turismo. Depois de esperar meses por uma vaga na equipe e de enfrentar duas horas de caos aéreo no Aeroporto de Congonhas para embarcar com destino a Brasília, Marta recebeu ontem à noite o convite do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ela disse que aceitava o desafio por considerar o ministério ?instigante?.
?Sou uma fazedora?, resumiu Marta, ao deixar o Palácio do Planalto. ?Acho que o Turismo é uma pasta a ser superturbinada?, emendou, sem esconder suas ambições. A ex-prefeita entrará no lugar de Walfrido Mares Guia, do PTB, que será remanejado para a coordenação política do governo. Marta e Mares Guia tomarão posse nesta sexta-feira.
A conversa com Marta foi o penúltimo compromisso de Lula, em sua apertada agenda. Desde cedo o presidente discutiu o apagão aéreo que tomou conta dos aeroportos e enfraqueceu muito o ministro da Defesa, Waldir Pires, que pode deixar o cargo na leva da reforma.
Às vésperas de fechar as mudanças na equipe, Lula também se reuniu à noite com a cúpula do PMDB e deve definir hoje o novo ministro da Agricultura, depois que o deputado Odílio Balbinotti (PMDB-PR), indicado para o cargo, caiu em desgraça. Até agora, o nome mais forte para a vaga é o do deputado e ex-ministro da Previdência Reinhold Stephanes (PMDB-PR).
Sem querer comentar a disputa no PMDB, Marta só falou de Turismo. Embora Lula tenha afirmado que os ministros não devem deixar o cargo para concorrer a eleições, em 2008, ela não quis assumir compromissos. ?Olha, eu estou entrando no ministério… Me deixem entrar, gente!?, exclamou. ?Não podemos pôr a carroça na frente dos bois.
Se depender do PT, ela será novamente candidata em São Paulo, no ano que vem. Seu maior sonho, no entanto, é se projetar politicamente na Esplanada para concorrer à sucessão de Lula, em 2010. ?Não estou de olho em 2010. Estou de olho em fazer um bom serviço no ministério?, desconversou.
Lula gosta de Marta, mas ficou contrariado com a pressão feita por seu grupo político para encaixá-la no Ministério das Cidades ou no da Educação, mesmo dando cotoveladas nos aliados e nas outras facções do próprio PT. Irritou-se, ainda, com pedidos para que o Turismo fosse turbinado com a estatal Infraero – que administra os aeroportos. Ontem, ao ser questionada se o comando da Infraero ficaria sob a alçada da pasta a ser comandada por ela, respondeu que ?no momento, não?.