O economista Guido Mantega, assessor econômico do candidato do PT à Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva, classificou a determinação do Copom de aumentar a taxa de juros para 21% de “equivocada” e disse que ela não serve nem para conter a alta do dólar nem para controlar a inflação. “Tanto é equivocada que depois da decisão o dólar subiu. Não acalmou o mercado e só fará aumentar a dívida pública.”

O presidente nacional do PT e coordenador da campanha de Lula, José Dirceu, adotou um discurso mais moderado. Ele considerou “inevitável” o aumento de três pontos porcentuais da taxa básica de juros determinado pelo Copom.

“O governo está tomando evidentemente medidas inevitáveis. A margem de manobra do governo ficou muito pequena. Depois de tantos erros, desacertos, restou ao governo a recessão, restou ao governo aumentar os juros, o que é ruim o País”, afirmou Dirceu.

Professor da Fundação Getúlio Vargas, Mantega acredita que a alta do juros é insuficiente para “romper a barreira da desconfiança” do mercado e, portanto, não irá atrair o capital estrangeiro. Ao contrário, ele acredita que o aumento da taxa deve contribuir para aumentar a crise de desconfiança com relação ao Brasil. “Mesmo que a taxa subisse para 25% ou 30%, não seria suficiente para atrair capitais.”

De acordo com o economista, “se o País já tinha a maior taxa de juros do mundo”, com a elevação da Selic o investidor poderá raciocinar que o Brasil pode não conseguir honrar seus pagamentos.

Mantega afirmou ainda que o aumento da taxa vai inibir o crédito e frustrar as expectativas de crescimento. “A taxa mais alta inibe o crédito, não controla a inflação, acaba com os investimentos e condena as possibilidades de crescimento da economia ainda este ano a níveis insignificantes. O mercado não estava contando com isto e, para a maioria, não ajuda, só atrapalha.”

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