Brasília – No final de sua viagem para participar do G 8, grupo de países mais ricos e Rússia, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva aproveitou a reunião para criticar o impasse nas negociações da Organização Mundial do Comércio (OMC), que vai definir as tendências das trocas nos próximos anos. Um dos maiores impasse é a questão do subsídio dos países ricos aos produtos agrícolas, uma forma de protecionismo dos agricultores. ?Penso que se nós não fizermos um acordo, estamos contribuindo para o retrocesso o comércio exterior nos países mais pobres do mundo?, disse no início do encontro com o presidente russo Vladimir Putin.
Mais cedo, Lula disse que as negociações na OMC estão em crise e cobrou participação dos líderes mundiais. ?É uma crise política. É uma crise de falta de liderança?, afirmou. ?Não é em situação de tranqüilidade que precisamos de líderes. Os líderes surgem, atuam e são reconhecidos nos momentos de crise. A Rodada de Doha está em crise. A omissão não é uma resposta aceitável?, ressaltou.
O presidente disse que está pronto para instruir o seu ministro encarregado das negociações a demonstrar a flexibilidade requerida para que a Rodada de Doha seja ambiciosa e equilibrada, com ganhos para todos. ?Não espero menos dos meus colegas aqui presentes. Devemos fazer o que é necessário e o que é justo. Todos temos limitações, mas temos que encará-las com sentido de responsabilidade histórica.?
O presidente Lula, representando as nações em desenvolvimento, criticou ainda o patamar dos subsídios, que segundo ele, são excessivos, ilegais e desumanos. ?Os dispêndios efetivos com subsídios agrícolas têm que cair de forma substancial?. Segundo ele, é injustificado o grau de protecionismo nos mercados desenvolvidos.
O presidente destacou também que os países pobres não precisam de favores, mas de condições eqüitativas para fazerem valer suas vantagens comparativas. E disse que uma das prioridades nas negociações é a agricultura. Lula lembrou que enquanto o apoio dos países desenvolvidos chega a US$ 1 bilhão por dia, 900 milhões de pessoas da área rural do mundo em desenvolvimento vivem com menos de um dólar por dia.
O grupo dos mais países mais ricos do mundo promoveu nesta segunda-feira uma reunião com os países em desenvolvimento e organizações internacionais. Participaram Brasil, África do Sul, China, Índia e México. Também estava presente o secretário-geral das Nações Unidas, Kofi Annan.
