Para Lula, entrevista de Pereira prejudica governo e arma oposição

Brasília – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva concluiu que as declarações do ex-secretário-geral do PT Sílvio Pereira de que o empresário Marcos Valério Fernandes de Souza pretendia arrecadar R$ 1 bilhão no seu governo não o atingiram. Mas prejudicaram o governo, porque Silvinho, como é conhecido o ex-petista, "levantou coisas que já estavam enterradas" e deu mais argumentos para a oposição atacá-lo. Lula se reuniu hoje (08)com os ministros que formam a sua coordenação política, quando tratou rapidamente do tema Silvinho, de acordo com um deles.

Da reunião, participaram Dilma Rousseff (Casa Civil), Luiz Dulci (Secretaria-Geral da Presidência) e Tarso Genro (Relações Institucionais), além de Paulo Bernardo (Planejamento), interessado em falar do Orçamento da União. Por causa da reunião o presidente chegou uma hora atrasado para uma cerimônia com sindicalistas. Não discursou, o que é um fato nada corriqueiro, visto que Lula, se tiver oportunidade, fala até quatro vezes num dia. Como estava no meio de sindicalistas, com os quais está acostumado a conviver, seu silêncio chamou a atenção dos presentes.

Na opinião de ministros que participaram da reunião com Lula, as declarações de Silvinho ofereceram mais detalhes de todo o processo que resultou no escândalo do mensalão, como a informação de que Marcos Valério pretendia arrecadar R$ 1 bilhão em operações que envolviam os bancos Econômico, Mercantil de Pernambuco e Opportunity, além de ativos na área da agropecuária

Para o alto escalão de Lula, o que Silvinho fez foi repetir parte da denúncia do procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, que afirmou na sua ação contra os envolvidos no mensalão que uma "quadrilha foi formada" para garantir o poder ao PT. Ao mesmo tempo, os ministros que formam o núcleo central do governo consideraram que Sílvio Pereira é hoje uma pessoa angustiada, "com o espírito atormentado".

Isso, disseram os ministros a Lula, deve ter ocorrido em face de algum tipo de arrependimento que Silvinho tem por ter aceitado de presente um Land Rover da GDK, empresa que tem negócios com a Petrobras. O Land Rover, devolvido por Sílvio Pereira – motivo de sua saída do PT – foi estimado em R$ 73 mil.

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