O prefeito de São Paulo, José Serra, que está em Paris, concorda com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que disse considerar um "suicídio" a saída de Antonio Palocci do Ministério da Fazenda. "Para o governo Lula essa saída constituiria um fator de notável enfraquecimento", afirmou o prefeito, lembrando que ministros como ele, Roberto Rodrigues, da Agricultura, Luiz Furlan, do Desenvolvimento, e Márcio Thomaz Bastos, da Justiça, ocupam alguns dos postos mais sólidos do governo e dão credibilidade ao ministério. Esses ministros – e especialmente Palocci – mantêm uma ponte com a oposição e a sociedade, dialogando inclusive em momentos decisivos.
Quanto à liberação de mais R$ 1,2 bilhão de verbas a Estados e municípios, a crítica de Serra foi mais branda. Ele lembrou também sua entrevista a AGÊNCIA ESTADO, quando disse que o superávit acabou indo além da meta prevista. "Talvez fosse mais racional uma pressão ao longo do ano", afirmou.
Serra preferiu não especular sobre nomes que poderiam substituir Palocci e frisou que a crise política poderá se agravar se essa possibilidade se confirmar. O prefeito procurou tratar desse assunto com muita prudência, evitando críticas diretas ao ministro da Fazenda.
Serra está na França para apresentar ao Conselho Regional da Ile-de-France uma proposta de projetos de cooperação internacional com o município de São Paulo. Ele almoçou hoje (14) com o presidente dessa região, o socialista Jean Paul Houchon, um dos principais dirigentes do Partido Socialista, que havia firmado um primeiro projeto de cooperação com a ex-prefeita Marta Suplicy. Assim, o tucano começa a estabelecer laços com uma área política até agora muito próxima da ex-prefeita do PT.
A nova proposta apresentada prevê um projeto de centro cultural e de capacitação no bairro de Cidade Tiradentes. Há também outros projetos como um centro de informações ao investidor; um projeto de microcrédito para a geração de empregos e um projeto de reestruturação do ensino médio e profissionalizante junto à rede municipal.
O prefeito volta amanhã (15) ao Brasil. Ele também encontrou o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, de passagem pela capital francesa a caminho da Nigéria.