O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Nelson Jobim, disse hoje (14) que a crise vivida atualmente pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva é "absolutamente normal num processo democrático" e que tem de ser superada no Congresso Nacional, que "representa a sociedade brasileira".
"O que vivemos é uma crise política normal, absolutamente normal num processo democrático", disse Jobim, que já foi deputado federal pelo PMDB gaúcho e atualmente é tido como aliado do governo. "O Congresso Nacional é exatamente o local onde se constrói, por sobre o conflito, a síntese necessária para a sua superação, no compromisso necessário que tem com o seu futuro", afirmou o presidente do STF durante a posse dos integrantes do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), órgão de controle externo do Judiciário que será presidido por ele.
Jobim afirmou que espera "a descoberta de tudo, mas dentro do processo democrático de superação das divergências". Segundo ele, não se deve temer as ações do Legislativo. "Quando os políticos são incapazes de administrar e construir a política dentro do processo democrático sempre surgirá o tertius que tentará, por força, compor o processo democrático por fora. É por isso que nós conhecemos claramente esse processo e, portanto sabemos construir.
Assistimos isso, quer na Câmara dos Deputados, quer no Ministério da Justiça, quer no Supremo Tribunal", disse o presidente do STF. Para Jobim, o momento vivido atualmente pelo País é de "consolidação do processo democrático por sobre uma crise político-partidária".
Também presente à cerimônia, o procurador-geral da República, Claudio Fonteles, afirmou que "crises fazem parte da democracia e do jogo democrático". Jobim disse que "a história brasileira mostra um processo de superação de problemas e nunca de rupturas radicais em cima de problemas".
"O Congresso Nacional, como dizia Ulysses Guimarães, tem condições de gerir conflitos ou qualquer tipo de crise, seja ela grande ou pequena", comentou Jobim durante entrevista concedida após a posse. Jobim disse que é necessário ter absoluta confiança nas instituições. "No momento em que você desconfiar das instituições, vai criar espaços para soluções alternativas. Não me refiro especificamente a ninguém, mas tem aqueles terroristas das circunstâncias, que para que sejam ouvidos e mencionados com visibilidade pela imprensa, acabam, digamos, dimensionando uma crise de forma que pudesse levar para um soçobramento das instituições, o que absolutamente não é o caso" afirmou. Questionado se esse seria o caso do deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ), Jobim respondeu: "Ele é um ator do processo da crise. É só um ator. Normal, porque todas as crises têm um ator".
