As políticas monetária e cambial não mudam com a chegada de Mário Gomes Torós à diretoria do Banco Central (BC), mas as apostas dentro do governo são de que a presença de um operador do mercado na diretoria do BC agregará um toque de imprevisibilidade às ações do BC. Experiente administrador de tesouraria, o novo diretor conhece a fundo os meandros do mercado e dará um novo ritmo nas operações do BC.
"Hoje, todas as tesourarias dos bancos sabem exatamente como o BC atua, sabem que os juros estão caindo e que o dólar está em baixa", disse uma fonte próxima ao governo, ao defender o nome de Torós. Existe consenso de que os instrumentos para a condução da política de juros e de câmbio são os mesmos. O que muda, segundo essa análise, é unicamente a forma de operar.
"Com juro em queda, mais espaço fiscal e um cacife de US$ 110 bilhões, está na hora de o BC aumentar a imprevisibilidade", concorda o senador Aloizio Mercadante (PT-SP), presidente da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado. "O mercado tem de correr riscos para especular contra o BC", defendeu. Ontem, Torós visitou Mercadante e os outros senadores que integram a CAE. O diretor indicado deverá ser sabatinado na CAE na próxima terça-feira e seu nome deve ser aprovado pelo plenário no mesmo dia.
O economista-chefe do Banco Fator, José Francisco Lima Gonçalves concorda com Mercadante. "O novo diretor vai mostrar as travas da chuteira, bater sem dó, mas sem ruptura nas políticas." Na sua avaliação, o provável é que o BC volte a operar no mercado de câmbio no longo prazo, com os chamados swaps cambiais (operações em que o BC paga a taxa de juros e ganha a variação cambial). "Com isso, a cotação vai ficar mais volátil e isso dá um impulso para o dólar subir – mas não me pergunte quanto."
