O ministro da Cultura, Gilberto Gil, afirmou que o governo de Luis Inácio Lula da Silva está resistindo aos escândalos de corrupção nas pesquisas de intenção de votos porque a percepção no País é de que esses problemas já teriam se tornado "uma prática comum" e "tolerada, ainda que condenada". Em Genebra para uma conferência sobre propriedade intelectual, Gil diz ainda não saber se permanecerá no governo em um eventual segundo mandato.

continua após a publicidade

Mostrando tranqüilidade ao falar das crises políticas enfrentadas pelo atual governo, o ministro acredita que os escândalos não têm afetado as chances de eleição de Lula por enquanto por pelos menos quatro motivos. "O primeiro fator é o forte prestígio do presidente, sobretudo junto às populações mais pobres. Em segundo lugar, existe uma percepção generalizada de que os escândalos não dizem respeito diretamente ao presidente, ainda que possam estar relacionados a membros do seu governo", afirmou Gil.

"Outro fator é a própria percepção que não há particularismo (nesses escândalos), que não são problemas particulares desse momento e que é uma prática comum", disse, lembrando que se trata de um problema que ocorre em todos os governos e em todos os países. "Há uma relativização do problema. Mesmo nos países em que a punição é exemplar, a prática (de corrupção) continua, como no Japão, Estados Unidos e Europa", justificou. Segundo o ministro, essa relativização afetaria até mesmo "os princípios e o sentido de verdade e justiça" nas várias sociedades. "Trata-se de algo muito complexo", explicou.

continua após a publicidade