Para FHC, “articulações políticas têm pouco peso no 2.º turno”

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso não quis opinar sobre o apoio que o casal Garotinho confirmou à campanha do candidato do PSDB à Presidência da República, Geraldo Alckmin. Segundo ele no entanto, apoio e voto não se recusam. "Tenho atuado como ex-presidente da República, opino sobre assuntos gerais, critico mas não estou participando diretamente. Estou apoiando, mas não estou no dia-a-dia", afirmou. Em sua avaliação, articulações políticas têm peso muito pequeno no segundo turno, e quem toma a decisão final é o povo. "Eu não estou criticando quem busca, não. Acho que a busca de apoio, aqui ou ali, acrescenta ou diminui, mas não é decisiva", explicou.

Fernando Henrique esclareceu que a decisão de aceitar o apoio é do presidente do partido e disse que não falaria sobre o assunto porque não queria ser objeto de exploração. "Todo mundo apóia todo mundo, ou não apóia todo mundo e isso é um fato banal", afirmou. "Apoio e voto não se recusam. Outra questão é você fazer uma coligação política. Agora voto, vai perguntar se o presidente Lula vai recusar o voto do Collor (Fernando Collor de Mello, ex-presidente da República)", disse.

Segundo FHC, a questão fundamental nessas eleições é decidir se a situação atual deve ser mantida ou não. "Querem manter a situação atual? Querem manter um governo que propiciou tantos escândalos? Que não explica nada claramente? Que joga tudo numa nuvem de fumaça? Ou querem um Brasil mais decente? Essa é que é a decisão", afirmou.

Fernando Henrique evitou tecer comentários sobre a decisão do prefeito do Rio Cesar Maia (PFL) de abandonar a campanha de Alckmin no Estado, e seguiu nas críticas. Questionado se aliar-se ao casal Garotinho não era um atraso, respondeu: "Atraso muito grande é um governo que faz o que tem sido feito por esse governo, imiscuir o público com interesses particulares ou privados. Esse é o atraso, essa é a questão que está em jogo." Fernando Henrique fez as declarações em entrevista coletiva concedida na sede do Instituto FHC, ao lado do governador eleito de São Paulo, José Serra.

Serra, por sua vez, mostrou-se bastante desconfortável com as perguntas. Disse que esse não era o objeto da reunião e que não entraria na discussão de alianças. "Isso é tratado pelo partido e não vou opinar porque poderia ser mal interpretado, ou interpretado de maneira distorcida, até porque isso envolve outras regiões e Estados", finalizou.

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