O ex-ministro, ex-diretor do Banco Central e sócio da Quest Investimentos, Luiz Carlos Mendonça de Barros, criticou a estratégia do BC de aumentar consideravelmente o volume da oferta no leilão de swap cambial reverso realizado ontem. O BC ofertou US$ 3 bilhões, o maior volume desde a retomada desse tipo de leilão, em 20 de abril. O lote integral de 63.050 contratos de swap cambial reverso com quatro vencimentos foi vendido. ?US$ 3 bilhões não é sinal de força, é sinal de fraqueza?, afirmou em entrevista ao Broadcast Ao Vivo, serviço da Agência Estado.
Barros reconhece que, se não fosse por essa intervenção, o dólar teria rompido ontem os R$ 2, mas acredita também que o BC não tem fôlego para continuar atuando tão agressivamente. Desde a retomada desses leilões, as ofertas tinham variado de US$ 400 milhões a US$ 600 milhões. Segundo ele, não se trata de uma nova estratégia do BC. ?A estratégia, de nova, não tem nada. Para quem acompanha os mercados há certo tempo, é fácil identificar um padrão quando há queda-de-braço entre o mercado e o BC relativa à taxa de câmbio.
Para Barros, a agressividade da atuação de ontem pode ser sinal de que as intervenções estão chegando ao fim. ?É uma intervenção geométrica, vai num crescendo. No início é quase linear, e na medida em que a queda-de-braço fica mais forte, o BC vai aumentando suas intervenções de forma exponencial. Mas vai ter que parar.
Para o ex-diretor do Banco Central, só há um meio de o BC evitar que o real se valorize demais: cortar os juros. Barros tem certeza de que o dólar ficará abaixo dos R$ 2 em algum momento no curto prazo, embora isso tenha sido impedido pelas atuações do BC até agora. Segundo suas projeções, a moeda americana deverá chegar a R$ 1,90, R$ 1,85 e ao longo de 12 meses haverá um movimento de recuperação.
Barros acha que o Copom deve cortar a taxa Selic em 0,5 ponto porcentual já na reunião de junho, para evitar uma valorização excessiva do real e parar com as compras no mercado de câmbio. ?Quanto mais dólar o BC compra, mais segura fica a moeda do País. Eles não estão percebendo isso.? Ele projeta uma Selic em 11,75% no fim do ano e perto de 9% em 2008.
O economista disse ainda esperar por um pouso suave da economia dos Estados Unidos e não aposta para tão logo uma realização de lucros nas bolsas internacionais e na bolsa paulista, que ontem ultrapassou os 50 mil pontos. Segundo ele, ?as bolsas vão subir ainda mais?.