Para especialistas, crise fiscal é ameaça já para 2007

O País mergulhará numa crise fiscal já no próximo ano por causa do aumento excessivo dos gastos públicos. O alerta é de especialistas em contas públicas, como o economista Raul Velloso e o consultor econômico do Senado, Marcos Mendes, e foi feito ontem em seminário realizado em São Paulo pelo Instituto Fernand Braudel de Economia Mundial.

"Se nada for feito, haverá uma crise de confiança na capacidade de o País administrar sua dívida, o que poderá levar à fuga de capitais, alta do câmbio, aumento dos juros, redução do crescimento e, conseqüentemente, à recessão", adverte Velloso.

Na avaliação do economista, o próximo governo, seja ele qual for só terá uma chance de tomar as medidas necessárias para evitar essa crise. "Será logo depois que tomar posse, quando terá cacife político para adotar medidas impopulares".

Segundo ele, a situação é mais dramática porque até a eleição nenhum candidato falará dessa questão. "Só que o eleito vai ter que trabalhar freneticamente porque vai ter um ou dois meses para tomar as medidas necessárias, caso contrário, ficará para outro governo".

Para Velloso, o modelo de geração de superávit primário (resultado de receitas menos gastos, sem considerar despesas financeiras) via aumento de arrecadação e corte de investimentos está esgotado. Ele argumenta que a carga tributária já bateu no seu limite máximo suportável pela sociedade e os investimentos públicos chegaram ao fundo do poço.

"A capacidade de gerar superávits primários elevados se esgotou antes que os juros reais (descontada a inflação) chegassem a um nível seguro de 5% a 7% ao ano, o que levaria o País a ingressar num círculo virtuoso, abrindo espaço para a convivência com um superávit menor mais à frente", observou.

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