Hugo Chávez pode vencer a guerra da publicidade, mas, segundo especialistas, está longe de minar o êxito do giro do americano George W. Bush pela América Latina. "Os protestos anti-Bush de Chávez e seus simpatizantes renderam boas imagens para as TVs e jornais, mas não trouxeram nada de novo, enquanto Bush obteve compromissos políticos e abriu novas frentes de negociação econômica nos países pelos quais passou", afirma o dominicano Wilfredo Lozano, ex-diretor da Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso), que hoje está à frente do Centro de Investigações e Estudos Sociais, em Santo Domingo.
Lozano explica que, apesar do empenho de Chávez em atrapalhar os planos americanos, os EUA ainda são um gigante econômico e uma potência política com poder de atração inigualável. "É preciso esperar para ver se todas as promessas de Bush serão levadas adiante", opina Lozano. "Mas se os EUA estiverem de fato se voltando para a região, terão muito mais a oferecer que a Venezuela, cujo poder de influência depende de recursos obtidos graças aos altos preços do petróleo.
Desde quinta-feira, Bush passou pelo Brasil, Uruguai, Colômbia, Guatemala e México, países que possuem governos vistos como moderados por Washington. Em seu giro paralelo, Chávez esteve na Bolívia, Nicarágua, Haiti, Jamaica e Argentina – onde participou de um protesto anti-EUA que reuniu cerca de 20 mil pessoas.