O resultado do déficit previdenciário não surpreendeu o especialista em contas públicas e economista do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Fábio Giambiagi, que continua vendo graves problemas no sistema, no longo prazo. "Variação dos resultados de um ano para outro, ou a cada mês não causam grandes surpresas. Mas, ao longo do tempo, essas mudanças podem ser substanciais e afetam duramente as contas públicas", diz Giambiagi, que vê pouco efeito sobre o problema da previdência nas medidas divulgadas no PAC.

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Para o economista, medidas de controle de gestão podem ter um efeito positivo sobre os gastos com auxílio-doença e outros menores, mas dificilmente afetarão o grosso das despesas da previdência. "A projeção do governo de estabilizar as despesas pode estar correta, porque deve haver uma queda em gastos menores, como o auxílio-doença, mas em algum momento, até 2010, provavelmente, essa queda vai estabilizar e o grosso vai continuar subindo, o que pode levar a uma alta persistente do déficit", prevê Giambiagi.

Segundo o economista, a regra de reajuste do salário mínimo, apesar de apontar na direção correta, também não deve ter um efeito positivo sustentado sobre as contas da previdência. "Nos últimos 10 anos o salário mínimo subiu de forma muito acelerada, então essa regra vai incidir sobre um valor muito alto. Não dá para dizer que a regra acaba com a previdência, mas ela também não resolve o problema, principalmente de 2010 em diante", analisa.

Quanto à idéia da constituição de um fórum para debater o problema previdenciário, Giambiagi é otimista, "desde que o governo esteja disposto a enfrentar sua base social e os movimentos sindicais".

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