Porto Alegre – O presidente eleito em outubro terá pela frente um cenário favorável na economia mundial, pelo menos no curto prazo, segundo expectativa dos economistas Luciano Coutinho, da LCA Consultores, e Alexandre Póvoa, da Modal Asset Management. Mas os dois concordam que o panorama, além do curto prazo, apresenta preocupações. "A economia mundial terá um encontro marcado com o ajuste do dólar e dos déficits americanos", afirmou Coutinho, que participou hoje (25), junto com Póvoa, de seminário promovido em Porto Alegre (RS) que discutiu hoje os eixos da política econômica e a interferência do debate eleitoral nas decisões de governo.
Já no campo político, o governo que for eleito terá preocupações imediatas, segundo a cientista política Lúcia Hippólito. "Temos de voltar a discutir nossa Constituição", recomendou. Mais que um pacto da sociedade, a Constituição é "um programa de governo", na avaliação da cientista política, e se inscreve entre as legislações "generosas", como foram a espanhola e a portuguesa. Ela lembrou que a Constituição já recebeu mais de 40 emendas e previu que o método de mudanças pontuais deverá continuar.
Além do cenário externo, outras condições internas devem favorecer o governo, como o comportamento dos preços administrados, citou Coutinho. Ele defendeu, no entanto, uma intervenção maior do Banco Central para amenizar a valorização do real ante o dólar. "Esta (política cambial) é uma questão sobre a qual os candidatos terão de se pronunciar", apontou, ao avaliar que a taxa cambial chegou a um limite destrutivo que continuará exigindo intervenções do BC.