Para CPI, desvio de verbas públicas pode superar R$ 2,2 bilhões

Parlamentares da CPI dos Correios afirmaram hoje (15) que o rombo nos cofres públicos por causa de irregularidades nos governos Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Fernando Henrique Cardoso (PSDB) pode ser maior do que os R$ 2,2 bilhões revelados hoje (15) pelo jornal "O Estado de S.Paulo". Também se mostraram "impressionados" com a dimensão dos números.

Hoje, o jornal "O Estado de S. Paulo" divulgou levantamento com base em auditorias do Tribunal de Contas da União (TCU) e da Controladoria-Geral da União (CGU) que apontam irregularidades de R$ 2,2 bilhões em contratos do governo federal. Todos os relatórios computados foram realizados na esteira do escândalo do mensalão e enviados à CPI dos Correios.

O levantamento também levou em conta auditorias da CPI dos Correios nos fundos de pensão. Entre outras irregularidades, os técnicos constataram fraudes, superfaturamentos, pagamentos por serviços não comprovados e conluios. O maior número de desvios foi encontrado em estatais, como os Correios e o Instituto de Resseguros do Brasil (IRB).

Para um dos integrantes da CPI, senador Álvaro Dias (PSDB-PR), o tamanho do prejuízo aos cofres públicos é "escandaloso". "É algo que choca, ainda mais porque o número, ao final dos trabalhos da comissão, será certamente maior", assegurou. "É impossível avaliar o tamanho real da corrupção no governo, porque a CPI não tem instrumentos suficientes para descobrir todos os danos", lamentou.

Segundo o senador, os 122 auditores do TCU a serviço da comissão têm feito um trabalho "competente", apesar das limitações do órgão – o tribunal não pode quebrar os sigilos dos investigados. "Para uma investigação ainda mais profunda, precisaríamos da colaboração da Receita Federal e de outras instâncias do governo, algo que não ocorre justamente porque os casos de corrupção envolvem a gestão Lula", criticou.

Ele também lembrou que é difícil calcular o tamanho das irregularidades, devido a questões de ordem técnica. "Isso fica muito claro nas investigações sobre as perdas dos fundos de pensão e nas apurações sobre concessão de crédito consignado", ponderou.

Para o sub-relator de Movimentação Financeira da CPI, Gustavo Fruet (PSDB-PR), o tamanho do prejuízo é "alarmante". Mas o deputado se mostrou cético quanto à possibilidade de punições. "O País precisa passar por uma mudança cultural para avançar no combate à corrupção. O problema não está nas leis, mas na certeza da impunidade", avaliou. "Também é fundamental aperfeiçoar os trabalhos do Coaf e de fiscalização do Banco Central, que falharam seriamente neste caso."

O senador Demósthenes Torres (PFL-GO), que também integra a CPI, concorda. "Apesar das limitações da comissão, já está devidamente comprovado que os cofres públicos foram assaltados para financiar campanhas eleitorais, mas esse número tende a crescer conforme as investigações se aproximem do fim", disse. "Agora, é preciso haver cadeia e punições para os culpados. Como isso dificilmente vai acontecer, precisamos aprovar leis anticorrupção mais rigorosas", defendeu.

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