Para consultor, desafio do governo é fazer funcionar o pacote

São Paulo – O governo terá o desafio de pôr em prática rapidamente o pacote de apoio à comercialização da soja. A avaliação é do analista Anderson Galvão, da consultoria Céleres.

Segundo Galvão, os leilões de opções privadas (PROP) são uma novidade para o segmento. Portanto, pode demorar para que os elos da cadeia se familiarizem com sua utilização. "O pacote precisa estancar o sangramento do produtor o mais rápido possível", afirma.

Segundo o analista, os produtores de soja já comprometeram 60% da safra com exportadores ou indústria. "Isso não significa necessariamente que tenham fixado o preço da soja com os compradores, mas que terão que vender para eles", explica. Diante de tal cenário, é fundamental que o novo mecanismo entre em ação logo.

Galvão considera que as medidas têm mérito. "Elas mantêm o governo no caminho certo, que é o de "hands off", de estimular o mercado a se regular sozinho", explica. A alternativa pedida por muitos agricultores era a de o governo comprar diretamente a produção de soja, tendo depois que administrar os estoques. Para o analista, os recursos tornados disponíveis pelo governo deverão permitir que o agricultor cubra seus custos operacionais

Segundo o analistas, independente da localização da lavoura, o custo de um pacote tecnológico alto para a produção de soja varia na safra atual entre R$ 20,00 e R$ 27,00 por saca. "Não importa se a lavoura é plantada no Mato Grosso, Goiás ou mesmo no Paraná", diz. Como o preço é determinado de forma geográfica, pela distância dos portos, mesmo em regiões onde a soja está sendo negociada a R$ 15,00 por saca, o produtor conseguirá pagar seus custos, recebendo R$ 21,00 por saca. "E isso é fundamental para impedir que o produtor pare suas atividades."

Galvão acredita que o efeito do pacote no mercado futuro de Chicago deveria ser baixista. "Afinal, com a crise, o mercado trabalharia com a perspectiva de uma redução forte no plantio do Brasil, o que não vai mais acontecer", diz.

O analista destaca que o mercado futuro da soja está passando por um processo de chamado por ele de "financeirização". "Há um grande número de fundos de hedge entrando no mercado e fazendo com que fique cada vez mais técnico", diz. "O número de contratos em aberto, que era de cerca de 150 mil em média na década de 90, está em torno de 450 mil hoje", completa.

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