Brasília ? A política econômica tem prejudicado as ações sociais do governo federal, na opinião de dois membros do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea). A conselheira Maria Emília Pacheco citou como exemplo o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), que prevê a compra da produção da agricultura familiar. Segundo ela, faltam recursos para o programa.
Maria Emília também reclamou que os recursos que vêem para o programa não tem regularidade, o que atrapalha sua execução. "Continuamos preocupados com os níveis alarmantes de pobreza e insegurança alimentar e insustentabilidade ambiental no país", afirmou. Segundo ela, esse quadro tem sido agravado pelos rumos da política econômica.
O presidente do Consea, Francisco Menezes, também falou sobre a necessidade de ampliar os recursos disponíveis para os programas de segurança alimentar. Menezes disse que é preciso acabar com a "meia verdade" de que não são necessárias mais verbas para os programas, bastando apenas uma gestão eficiente. "É aquela meia verdade que é pior do que a mentira inteira, porque precisamos fazer bem os programas, mas precisamos de recursos para fazê-los", afirmou.
"Vamos continuar insistindo que a política econômica não pode ser empecilho para a política social", acrescentou Menezes. Segundo ele, o orçamento da União para 2006 prevê R$ 18 bilhões para as diversas políticas de segurança alimentar.
Em seu discurso, após o pronunciamento dos dois conselheiros, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva rebateu as críticas. "A política econômica nunca foi um empecilho para a política social. Vamos deixar isso claro", disse. Formado por representantes do poder público e da sociedade civil, o conselho foi criado para assessorar o presidente na formulação de diretrizes para políticas de combate à fome e para o direito à alimentação. Maria Emília representa no Conselho a Federação de Órgãos para a Assistência Social e Educacional (Fase).