O brazilianista Thomas Skidmore previu que a atual crise política deverá ser fatal para os planos de reeleição do presidente Lula. Em agosto de 2003, em entrevista para "O Estado de S.Paulo", Skidmore dizia ter muita esperança no governo recém-empossado. "A promessa do PT foi muito grande, mas infelizmente tem esse problema de corrupção e de mentiras", afirmou o professor.
"Lula é um fenômeno político complicado", ressalvou, referindo-se ao fato de o presidente brasileiro ainda ser popular e ter a simpatia de parte da população. "Agora, ele está em um momento difícil e eu duvido que ele possa ser reeleito no ano que vem. A situação é tão grave que provavelmente vai ser difícil."
Skidmore acha que o governo Lula surpreendeu a todos ao adotar uma política econômica conservadora, que contrariou frontalmente as promessas de campanha. "A surpresa maior do governo Lula foi a continuidade da política econômica do Fernando Henrique", lembrou o brazilianista. O professor americano considera mesmo que houve um pequeno golpe contra os eleitores, no momento em que o presidente eleito abriu mão de comandar a economia. "O Lula é o presidente do Brasil, mas não faz a política econômica", lembrou Skidmore. E aproveitou para fazer críticas ao ministro da Fazenda, Antônio Palocci, para ele o maior representante dessa política continuísta. "A distribuição de renda não está na pauta do Palocci", alfinetou. "Essa coisa de justiça social não entra."
O brazilianista acha que ocorreu uma radical mudança do papel do Estado nas economias dos países nas últimas décadas, que não foi inteiramente assimilada por parte das esquerdas. Ao contrário do que acontecia, por exemplo, na época da fundação da Petrobras, em que o Estado desenvolvia um papel importante no desenvolvimento do País, hoje ninguém mais acredita nisso. "Eu acho que o Lula ficou confuso sobre isso e nunca entendeu", disse Skidmore. "Mas Palocci entende. E o Meirelles também", afirmou.