A tendência de valorização do real ante o dólar só será revertida com a redução do saldo da balança comercial do País, segundo análises feitas por técnicos do Banco Central (BC) que estão chegando às principais lideranças da base do governo no Congresso. De acordo com essa explicação, a subida do real está muito mais relacionada com a enxurrada de dólares que ingressa no Brasil por conta do desempenho das exportações do que com os recursos estrangeiros que entram no País com o objetivo de aproveitar a elevada taxa de juro real paga internamente.
Os críticos do BC dizem que o real está sobrevalorizado – como fez o ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda Júlio Sérgio Gomes de Almeida, afastado ontem do cargo – porque o Brasil tem a mais alta taxa real de juros do mundo. Essa situação, decorrente da política monetária do Banco Central atrai investidores que ganham na arbitragem entre a taxa de juro interna e a externa, o que ajuda a valorizar ainda mais a moeda brasileira.
A argumentação que o Banco Central está apresentando aos aliados do governo é a de que os fundamentos da economia brasileira estão mais sólidos e o País apresenta reservas internacionais de quase US$ 110 bilhões. De acordo com essa análise, esses indicadores melhoram a percepção do Brasil por parte dos investidores internacionais, o que resulta na queda do risco Brasil.