São Paulo – As exportações brasileiras tendem a desacelerar no ano que vem, caso o mercado interno volte a crescer. A afirmação é do presidente da Associação Brasileira de Comércio Exterior (Abracex), Primo Roberto Segatto.
Segundo ele, a expectativa é de que a possível manutenção da queda dos juros em 2006 provoque alguma reação positiva no mercado interno. Só que a indústria não está preparada para manter as exportações em alta e, ao mesmo tempo, suprir o eventual aumento da demanda doméstica.
Para justificar esse raciocínio, Segatto diz que o investimento direto em máquinas e equipamentos vem caindo ano a ano, passando de US$ 32 bilhões no ano 2000 para US$ 12 bilhões em 2005. Essa redução significa que a indústria brasileira não está investindo para se modernizar e aumentar a produção.
Na mesma linha, o saldo recorde da balança comercial neste ano, que deve ficar em torno de US$ 44 bilhões, também é sinal de alerta para a economia e para o comércio exterior.
O número mostra que as importações de maquinário, entre os principais itens que o Brasil compra do Exterior, continuam aquém do necessário para a indústria enfrentar um eventual aumento da produção.
Apesar do câmbio, as importações totais devem crescer cerca de 17% em 2005 sobre 2004 e as exportações, 23%. "O empresário não tem incentivos para investir", reclamou o presidente da Abracex. Segatto lembrou que o valor pago pelas máquinas importadas chega a ser 60% superior ao preço do produto no embarque, por conta dos impostos de importação e do custo do frete para o Brasil. "O governo tem de incentivar as empresas a investir", ressaltou o empresário, destacando a alta carga tributária como um dos entraves para o investimento industrial.