?Ao lado de países como Argentina, Uruguai, Colômbia, o Paraná tomou a dianteira do Brasil na concretização de um dos mais diretos processos de integração, que é o frente-a-frente entre os atores de teatro e o público de 22 cidades paranaenses?. A afirmação é de Jorge Paccini, consultor cultural do Ministério de Relações Exteriores da Argentina, que está em Curitiba para participar de um debate que acontece no mini-auditório do Teatro Guaíra de sexta-feira (24) a domingo (26) e encerra os Corredores Culturais do Mercosul. O debate será realizado entre representantes dos grupos visitantes, secretários municipais de Cultura das cidades integrantes dos Corredores Culturais e o conselho diretor da Rede Cultural do Mercosul.
Ator, diretor, professor de artes dramáticas e administrador cultural, Paccini diz que não imagina forma mais concreta de integração que a das ações promovidas em conjunto pelo Centro Cultural Teatro Guaíra e pela Rede Cultural do Mercosul. O representante da chancelaria argentina chegou ao Estado no dia 17 e acompanhou parte das apresentações artísticas. Foi testemunha da mais intensa participação de público em Londrina, onde durante o Festival Internacional de Teatro de Londrina (FILO) classificou a peça ?Hamlet?, apresentada por um grupo do Rio de Janeiro, como uma das mais inovadoras e globais que assistiu, em termos de utilização de todos os recursos possíveis como visuais, luzes, sons, espaço, cenário, televisão, transformados em linguagens mobilizadoras.
Diferentes obras de variadas regiões como Buenos Aires, Cordilheira dos Andes, de Missiones ou do Nordeste, deram aos paranaenses uma idéia da diversidade cultural da Argentina. Tudo foi complementado por espetáculos do Uruguai e da Bolívia. Aos atores os desafios foram de superlotação a pouco público. Em todos os casos, ressaltou o ator, foi preciso seguir com o trabalho, independente das condições.
Nos debates no Guairinha, o representante da Argentina pretende contribuir com apoio e compromisso ao lado dos governos de todos os países do Mercosul para garantir que o evento continue sendo realizado como fator de integração entre os Estados, as províncias, os municípios. Entre os espetáculos que dirigiu e interpretou na Argentina está um dos mais representativos em termos da luta da população do país vizinho para enfrentar a crise econômica que teve seu auge em dezembro de 2001: La Demolición.
A obra, que se transformou também em filme, retrata a história de um funcionário que durante 40 anos trabalhou numa fábrica que fecha suas portas. Só que ele continua indo lá trabalhar, faz telefonemas, como se tudo estivesse funcionando. Paccini interpreta o homem que chega para demolir o local, mas acaba se aliando ao funcionário da fábrica, retratando o fenômeno social argentino dos operários que se uniram para recuperar as fábricas que fecharam suas portas.