No Brasil, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva costuma dizer que deve sua carreira política à imprensa, lembrou o vice-presidente do Comitê de Liberdade de Imprensa da Associação Nacional de Jornais (ANJ), Júlio César Mesquita, ao rebater as críticas que o presidente fez ontem à imprensa brasileira. "Só se ele agora criticou a imprensa brasileira para fazer média com Chávez", observou.

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Ao lado de Hugo Chávez num palanque, diante de 30 mil pessoas reunidas para a inauguração de uma ponte rodoferroviária em Ciudad Guayana, na Venezuela, Lula declarou que, assim como o líder venezuelano, tornou-se ‘vítima da incompreensão e do preconceito’ da imprensa, do empresariado, dos banqueiros e de ex-governantes durante as eleições.

O presidente da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), Maurício Azedo, e o presidente da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), Sérgio Murillo Andrade, consideraram as declarações de Lula inoportunas.

"Foi um exagero de Lula. O tratamento que a imprensa brasileira lhe tem dado é muito respeitoso, embora em alguns casos tenha havido uma certa agressividade na interpretação de fatos contra o presidente", comentou Azedo.

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Sérgio Murillo criticou a seqüência de episódios que ameaçam a liberdade de imprensa que ocorreram no curto período desde a reeleição de Lula.

"As autoridades têm a obrigação de não esticar essa corda", ponderou ele, lembrando que ‘ninguém ganha com essa tensão’.

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Mesquita avaliou que Lula pode estar ‘fazendo média’ com Chávez. "Quem sabe ele não está sendo diplomático, na ânsia de agradar a seu amigo venezuelano, que detesta a liberdade de imprensa, e fez um discurso adequado ao palco", disse o vice-presidente do Comitê de Liberdade de Imprensa da ANJ.

Azedo, numa linha semelhante, disse que a fala de Lula só se explica se o presidente brasileiro tentou produzir ‘certa comoção’ na platéia do comício.