O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, defendeu que o momento político atual é favorável à integração dos países da América do Sul, cujos presidentes deverão se encontrar na Cúpula da Comunidade Sul-americana de Nações (Casa), nos dias 8 e 9 de dezembro em Cochabamba, na Bolívia. No texto de discurso preparado para a abertura da 3ª Reunião de Chanceleres da Casa, Amorim disse que "não há mais espaço para o isolamento" nos dias de hoje. "Nenhum país, por maior que seja, por mais expressiva que seja a sua economia, consegue promover seus objetivos isoladamente", afirma o texto.
Mas ao optar pelo improviso, o ministro preferiu desmontar as resistências que ainda se mantêm, sobretudo no Chile, à proposta de criação da Casa, sob o argumento de que excluiria atores importantes da América Latina, como o México, e de que tenderia à uniformização de padrões na região. O chanceler ponderou que a criação da Casa não é contra ninguém, mas a favor de todos os sul-americanos e também da integração latino-americana. "Temos que dar personalidade política ao nosso continente. Isso não nos fará menos latino-americanos, menos iberoamericanos, menos cidadãos do mundo", defendeu. "O mundo de hoje e de amanhã está concentrado em grandes blocos. Teremos mais forças se estivermos unidos. Podemos não ter uma tarifa externa comum (caráter de uma união aduaneira) mas podemos estar coordenados", completou.
No discurso, Amorim defendeu também que a Casa tenha um grau mais acentuado de institucionalização – algo que tardou em ocorrer no Mercosul. Mostrou-se claramente favorável à elaboração de um Acordo Constitutivo, um arcabouço jurídico para a comunidade, de uma Comissão permanente, que coordenaria os grupos de trabalho para as áreas de infra-estrutura, integração energética, políticas sociais e mecanismos financeiros. "É preciso dotar a Comunidade de instrumentos operacionais", insistiu.
Enfático, Amorim também defendeu que a Casa conte com uma secretaria-executiva e propôs, como sede, o Rio de Janeiro – caso outros países considerem elevadas as despesas de manutenção para candidatarem-se. "Se temos de ter secretaria iberoamericana (em Madri), não compreendo por que não ter uma sul-americana. Eu me sinto muito sul-americano", declarou.
