Os candidatos do PSDB à Presidência da República, Geraldo Alckmin, e ao governo do Estado de SP, José Serra, deram nesta segunda-feira (14) o tom que o partido vai usar nessas eleições para justificar os ataques sucessivos do PCC em São Paulo. Após caminhada conjunta pelas ruas do bairro do Ipiranga, Alckmin disse: "é um ato de terrorismo com fins políticos e eleitorais contra o PSDB".
Minutos depois, José Serra, que prosseguiu sozinho para outro evento de rua, no bairro de São João Clímaco, também usou o mesmo argumento para falar dos ataques. "Este crime organizado (PCC) tem a intenção de influir na eleição contra o PSDB. Isso é muito claro", argumentou. Questionado se os tucanos utilizarão o mote nos programas do horário eleitoral gratuito, Serra disse que o assunto será abordado de uma maneira geral nos programas.
Apesar de vincularem os ataques do PCC ao processo político-eleitoral, tanto Alckmin quanto Serra evitaram citar algum partido político. Os dois concederam entrevistas separadamente, mas utilizaram o mesmo discurso. "Esta ação parece terrorismo, mas não estou dizendo que tem um partido (político) instruindo o PCC, estou dizendo que o PCC é contra o PSDB. Isso é indiscutível", disse José Serra. Alckmin também seguiu na mesma linha: "não estou dizendo que é partidária (a ação do PCC), estou dizendo que eles querem interferir no processo eleitoral contra nós (PSDB)"
Ainda no mesmo tom, Alckmin e Serra elogiaram o trabalho que o governo de São Paulo vem fazendo no combate ao crime organizado. Para explicar o surgimento do PCC num Estado administrado há cerca de 12 anos pelos tucanos, eles disseram que isso vem ocorrendo porque a política de São Paulo é eficiente e é a que mais prende em todo o País. "O Lembo (governador de São Paulo, Cláudio Lembo) é um homem íntegro, correto, tem trabalhado bastante e está enfrentando esta situação com galhardia", disse Serra.
Ao justificar os ataques do PCC, Alckmin fez uma comparação com as ações das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), na Colômbia. "A diferença é que lá a política migrou para o crime, e aqui o crime está migrando para a política", afirmou. Segundo o ex-governador, o governo estadual criou o Regime Disciplinar Diferenciado e construiu o primeiro presídio de segurança máxima do Brasil. Por isso, no seu entender, o crime organizado está reagindo.
Sem citar o seu maior adversário nestas eleições, o presidente e candidato à reeleição Luiz Inácio Lula da Silva, Alckmin disse que o Brasil precisa decidir "se quer um governo frouxo e omisso na questão da segurança ou se quer alguém firme". E prometeu, caso seja eleito, aperfeiçoar a legislação do setor, intensificar o combate à corrupção, ao contrabando de armas, à lavagem de dinheiro e ao tráfego de drogas, e intensificar a vigilância nas fronteiras.
Para reforçar a afirmação de que esta facção criminosa está atuando com finalidade político-eleitoral, Alckmin citou como exemplo o seqüestro da equipe de reportagem da Rede Globo, neste fim de semana. "Ladrão não faz isso, não seqüestra pessoas para colocar uma fita no ar. É evidente que é um ato de terrorismo com fins políticos e eleitorais, e não é por coincidência que ocorre a 45 dias do processo eleitoral", completou.