Para a GM, impostos, mais que dólar, afetam competitividade

A depreciação da moeda americana no mercado local tem um impacto relativamente pequeno sobre a competitividade dos exportadores brasileiros, quando comparada à carga tributária do País. Essa é a visão do presidente da General Motors no Brasil, Ray Young, que participou, nesta sexta-feira (25), da reunião do conselho da Câmara Americana de Comércio (Amcham), na sede do Grupo Estado.

Para o executivo, não é preciso dar qualquer solução à questão do dólar, além do que já vem sendo feito pelo Banco Central (BC). "Acredito no conceito do livre mercado. O valor das moedas deve ser determinado pela relação demanda versus oferta", disse Young.

O executivo, entretanto, criticou o que considera "falta de senso de urgência" no encaminhamento de reformas pelo governo federal. Segundo ele, a questão da carga tributária – hoje, perto de 40% do PIB – deveria ser o primeiro atacado, já que, em sua opinião, essa é o grande vilão do chamado "custo Brasil".

"No Brasil, mais de 30% do valor do carro corresponde a impostos. Na China é 20% e na Europa, 15%, por exemplo", disse o presidente da GM, para quem o governo já poderia agir no sentido de reduzir o ICMS sobre determinados produtos de exportação.

Young ainda lembrou que a questão da competitividade deverá sofrer com a chegada do grau de investimento e o conseqüente aumento do fluxo de recursos para o País. "Acredito que o valor do real vai subir ainda mais. Talvez o dólar chegue a até R$ 1 50 e isso vai colocar ainda mais pressão sobre os negócios para as exportações", analisou.

Segundo ele, no entanto, o impacto do grau de investimento sobre o mercado interno deverá compensar, principalmente, via redução de juros, os efeitos negativos nas exportações. "O problema é que a indústria brasileira precisa exportar, não pode deixar isso de lado. Isso seria perigoso porque é difícil saber até quando o mercado interno vai permanecer forte", ponderou.

Sobre os problemas de estoque enfrentados pela indústria automobilística, Young mostrou-se otimista e afirmou que os ajustes na produção devem levar a uma regularização da oferta de veículos nos próximos três meses. "Nesse momento, nossa rede tem somente dez dias de estoque. Normalmente são 25. Mas o importante é que a indústria tem capacidade e todas as montadoras já estão ajustando sua produção", concluiu.

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