Papa pede para não justificarem guerras com religião

O papa Bento XVI disse nesta segunda-feira (04) que a religião nunca deveria ser usada como justificativa para a guerra e pediu a centenas de dirigentes religiosos, reunidos na cidade italiana de Assis, que usem sua fé para conseguir a paz. "Ninguém deve usar as diferenças religiosas como razão ou pretexto para lançar uma ação belicosa contra outros seres humanos", disse Bento XVI por meio de uma mensagem que foi lida a cerca de 200 líderes religiosos de diferentes crenças reunidos na cidade de Assis para uma cúpula que se realiza anualmente. Intitulado Encontro Internacional de Preces para a Paz, o encontro foi iniciado há 20 anos pelo papa João Paulo II.

Na mensagem, lida pelo bispo de Assis, Domenico Sorrentino, o pontífice reconheceu que a religião foi usada em várias ocasiões para justificar a guerra, mas afirmou que essa violência não é causada pela fé em si mesmo, mas sim "pelos limites culturais nos quais vivemos e que se desenvolvem com o passar do tempo".

Segundo a mensagem de Bento XVI, muitas pessoas esperavam que com a queda do Muro de Berlim viria um tempo de paz. "Lamentavelmente, este sonho de paz não se concretizou. Pelo contrário, o terceiro milênio começou com panoramas de terrorismo e de violência que não dão mostras de diminuir".

Na reunião, que teve início hoje e se encerrará amanhã, participam budistas, judeus, muçulmanos, cristão e xintoístas.

Yona Metzger, um dos rabinos mais importantes de Israel, pediu aos líderes religiosos de todo o mundo que trabalhem a favor da liberdade de todos aqueles que foram capturados nas recentes lutas no Oriente Médio, ou que ao menos que tentem obter informação sobre suas condições.

Ahmad al-Tayyeb, reitor da universidade sunita Al-Azhar, fez eco ao pedido do papa para que a religião se converta num instrumento de paz. "Quando os guias da humanidade e os construtores da história humana levantam sua espada em nome da religião, se transformam em um grupo de cegos incapazes de guiarem a si mesmos, e muito menos os outros", disse al-Tayyeb.

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