O papa João Paulo II divulgará amanhã a 14ª Encíclica de seu pontificado, dedicada à eucaristia, com a que espera revitalizar esse sacramento e lançar um chamado à ordem e às tradições da Igreja Católica. A encíclica, com o título em latim, “Ecclesia de Eucharistia”, é na realidade uma profunda reflexão sobre a eucaristia, “o mistério central da fé e da vida cristãs”, como adiantou o Santo Padre nesta quarta-feira.

O papa, que a assinará quinta-feira ante os peregrinos reunidos na Praça de São Pedro para a tradicional audiência semanal, recupera “o sacramento que resume o maior bem espiritual de toda a Igreja”, comentou. Através da eucaristia, o mundo católico recorda a última ceia de Cristo com os apostólos, razão pela qual o documento será assinado na quinta-feira santa, quando se comemora esse importante momento.

Com a encíclica, o Papa quer recuperar o culto segundo a tradição mais rigorosa, para que se evite interpretações equivocadas, segundo fontes eclesiásticas. O texto, que terá um carácter sobretudo espiritual e doutrinário, ao que parece é profundamente conservador e denuncia as inovações ecumênicas, explicaram fontes do Vaticano.

Segundo indiscrições feitas por alguns religiosos, o texto do Papa foi influenciado pelo cardeal alemão Joseph Ratzinger, da congregação para a doutrina da fé, e um dos colaboradores mais próximos em assuntos teológicos. Ratzinger denunciou, em várias oportunidades, a “decadência da fé”, exigindo sempre um maior rigor religioso.

O documento, ainda sujeito a embargo, pede aos sacerdotes que proibam a comunhão daqueles que não “estão em estado de graça”, como os divorciados que voltarem a se casar. João Paulo II publicou a primeira encíclica no dia 14 de março de 1979. intitulada “Redemptor hominis” (Sobre o Cristo Redentor e a dignidade do homem), dedicada à defesa dos direitos humanos “para sermos fiéis a Cristo”.

Em sua 13ª encíclica, publicada no dia 14 de setembro de 1998, “Fides et ratio” (A fé e a razão), o Papa analisa as relações entre a fé e a razão e faz um apelo aos cientistas convidando-os a associar as conquistas científicas e técnicas com valores filosóficos e morais.

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