O arcebispo de Salvador, cardeal Geraldo Majella Agnelo, um dos três presidentes da 5ª Conferência-Geral do Episcopado da América Latina e do Caribe, em Aparecida, prevê que, em sua visita ao Brasil, o papa Bento XVI tratará dos desafios que a Igreja enfrenta no continente, mas acredita que ele não descerá a problemas particulares. Defesa da vida sim, mas sem tocar especificamente em questões como aborto, sexualidade, divórcio e eutanásia.
Para o cardeal, Bento XVI dará uma orientação sobre a Teologia da Libertação. "De passagem, acredito que falará alguma coisa assim: ‘Estudem, mas não façam da teologia uma instrumentalização para partido político ou sobretudo para uma ideologia’.
Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, d. Geraldo disse que a América Latina deverá ser um dos temas destacados pelo papa. "Certamente vai partir do que América Latina significa para a Igreja. Existe ainda muita religiosidade no continente, pois mais da metade de seus habitantes se diz católica. Mas são católicos no sentido de procurar aquilo que lhes satisfaz, sentindo-se independentes. O papa, eu tenho certeza, vai tocar nesse ponto", afirmou.
Questionado se o crescimento dos grupos evangélicos e o trânsito religioso motivaram a viagem de Bento XVI, d. Geraldo disse que este não é o único motivo. "Claro que se tem a preocupação, uma preocupação que é do mundo inteiro. Talvez não exista em outros lugares um trânsito religioso tão acentuado como aqui na América Latina, mas existe a deserção. Deserta-se de ser cristão. Parece que Deus não é necessário."
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo