Exatamente às 15h40 do dia 10, quinta-feira, o Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT), uma instituição sediada em Curitiba, registrou a formidável marca dos R$ 500 bilhões arrecadados de 1.º de janeiro até agora em impostos, taxas e contribuições abocanhados com pantagruélico apetite pelos governos federal, estaduais e municipais. Quando estas linhas estiverem sendo lidas o valor terá crescido de maneira espantosa, tendo em vista a velocidade estonteante com que o impostômetro contabiliza a transfusão de dinheiro para os cofres públicos.
Em cada um dos primeiros dez dias de agosto, o massacrado contribuinte brasileiro pagou R$ 9,18 na forma de tributos, perfazendo um total de R$ 104,65. Nos primeiros seis meses do ano somados aos dez dias de agosto, cada contribuinte paranaense repassou aos governos exatos R$ 2.416,41. Em outras palavras, isso quer dizer que o cidadão é obrigado a trabalhar quatro meses e 25 dias por ano para saldar sua dívida nesse imenso latifúndio que é a carga tributária, não por acaso a maior do planeta.
Uma verdadeira iniqüidade a que são submetidos sem tugir nem mugir milhões de empresários dos mais variados setores da geração de riquezas do País, profissionais liberais e autônomos, prestadores de serviço e, na populosa base da pirâmide social, o espoliado trabalhador que, depois de descontado do salário o percentual referente a impostos, taxas e tributos, dana-se nas filas do INSS, SUS e hospitais públicos falidos em busca de indecente atendimento de saúde, ou nas escolas mantidas pela administração pública a clamar por vagas para os filhos.
Num contraponto amargo com essa realidade que faz do Brasil um dos países com o maior índice de desigualdade social do mundo, embora esteja na vanguarda dos cobradores de impostos, como os famigerados funcionários do Império Romano que não perdoavam um denário dos súditos de cada província, o Ministério da Fazenda informa que em 2006 não haverá mais nenhuma desoneração tributária. Ou seja, o País chegará ao fim do ano tendo drenado para o erário a estrondosa quantia de cerca de R$ 1 trilhão somente no pagamento de impostos!
Em 2005, os R$ 500 bilhões haviam sido completados no dia 6 de setembro, mas em 2006 o extraordinário feito deu-se 27 dias antes. A máquina arrecadadora tem muito mais pressa em meter a mão no bolso do contribuinte, embora não retribua na mesma medida em benefícios sociais e melhoria da qualidade de vida dos excluídos que se arranjam com as sobras do banquete alheio.
Segundo o IBPT, a soma dos impostos, taxas, contribuições e multas acrescidas de juros e correção monetária, paga em todo o território até dia 10, seria suficiente para alimentar toda a população do País por 14 anos, ou construir 18,5 milhões de casas populares. Doravante, o sentimento deverá ser de asco toda vez que uma autoridade governamental chorar as pitangas e jurar que não há recursos para distribuir leite às crianças, dar leitos e UTIs aos miseráveis que purgam um fracasso pelo qual não são responsáveis ou remédios de uso permanente para os que não podem comprá-los. Para não citar carências mais sofisticadas como boas rodovias e ferrovias, saneamento básico, proteção à natureza e acesso aos bens culturais.
Asseguram os cínicos ser o Brasil maior que seus problemas. Seria cômico se não fosse trágico…
