Pano pra manga

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, desde a indicação do jornalista Franklin Martins para cuidar dos assuntos de comunicação social do governo, tem cumprido com metódica regularidade as prováveis recomendações do auxiliar imediato e concedido entrevistas coletivas ou individuais.

Muito melhor que emitir respostas breves e entrecortadas às perguntas de jornalistas acotovelados à entrada ou saída de compromissos formais, quando, não raras vezes, a fala presidencial chegava fracionada à opinião pública que, destarte, não conseguia ir além de juízos de valor imperfeitos e/ou prejudicados pelas circunstâncias em que foram anotados.

A edição dominical da Folha de S.Paulo trouxe longa entrevista do presidente Lula, na qual os repórteres tiveram liberdade para levantar assuntos de ordem íntima, como o peso atual de Lula, o velho hábito de tomar uns drinques e até os programas preferidos na TV, sobre os quais o presidente não teve pejo de informar: ?Quanto mais avacalhado for o programa, melhor para mim?.

O presidente também respondeu às questões políticas, mesmo evitando aprofundar a apreciação sobre os assuntos mais graves do momento, como a crise do Senado e a licença de Renan. A resposta específica foi encaminhada por escrito à Folha e aos demais veículos foi a mesma, decerto, seguindo outra ponderação do ministro Franklin Martins.

O presidente, entre outros tópicos, ratificou que em sendo a ?crise do Senado?, a própria instituição encontraria a solução adequada, ?como acabou acontecendo?. É óbvio que ele jamais revelaria o teor da conversa com o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RO), encarregado de transmitir ao colega alagoano que a boa vontade do Planalto se esgotara.

Tendo em vista a sucessão, tema nunca dantes debatido com tamanha antecipação, Lula reiterou a preferência por uma candidatura única da base já no primeiro turno. E foi além, dizendo que o governador mineiro Aécio Neves, ?menino preparado e politicamente jeitoso?, caso resolvesse se filiar ao PMDB seria um forte candidato e teria seu inteiro apoio. O presidente advertiu, entretanto, não saber se a base pensa da mesma maneira.

O que dará pano pra manga é que o candidato ideal de Lula pertence à oposição. Seria falta de confiança no potencial dos que despontam no ambiente doméstico?

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