As causas do acidente do avião bimotor particular Seneca, que caiu na sexta-feira minutos após decolar do Aeroporto de Vitória ainda não foram elucidadas, mas a possibilidade mais forte é de que o piloto, o major-coronel reformado da Aeronáutica Alduíno Coutinho de Souza, de 48 anos, estivesse tentando retornar ao Aeroporto de Vitória provavelmente após uma pane no aparelho. "Tudo leva a crer que ele estivesse tentando voltar", disse o brigadeiro José Carlos Pereira, presidente da Infraero, estatal que administra os aeroportos brasileiros.

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Coutinho, a mulher, os dois filhos e as duas noras partiram do Aeroporto de Jacarepaguá, na zona oeste do Rio, e pousaram em Vitória, onde abasteceram. De lá, seguiriam para Porto Seguro, na Bahia, onde passariam o fim de semana. O último contato do Seneca com a torre foi a 20 mil milhas do aeroporto – cerca de 40 quilômetros. Mas os destroços do avião foram encontrados a apenas 15 quilômetros de distância do aeroporto, informou Pereira.

"Em acidentes como esse, costuma-se iniciar as buscas à frente do local em que foi feito o último contato. Os destroços e os corpos estavam para trás", disse o brigadeiro.

A conclusão sobre as causas do acidente será feita pela análise dos destroços. "Um caso como esse é muito mais difícil de ser investigado do que o acidente da Gol. Não há caixa preta (neste tipo de avião), nem testemunhas ou sobreviventes que possam revelar o que aconteceu", disse.

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O tenente-coronel Marco Aurélio Salgueiro, designado pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) para coordenar as investigações sobre o acidente, afirmou em Vitória que sem a localização de todas as peças da aeronave, ou, particularmente, do painel de controle, vai ser "praticamente impossível" descobrir as causas da queda. Segundo ele, os destroços localizados até ontem à tarde não contribuem para o esclarecimento do acidente.

Resgate

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As equipes de resgate localizaram na madrugada de sábado na Praia de Manguinhos, na Grande Vitória, os corpos de três das seis vítimas do acidente. Os primeiros corpos a serem localizados foram os de Ronilda Terezinha Oliveira de Souza, de 48 anos, mulher do piloto, e da nora Luana Pimentel, de 25 anos. O corpo de Alduíno Oliveira de Souza, de 26 anos, foi encontrado pelos bombeiros pela manhã. Luana era namorada de Alduíno Oliveira de Souza e não de Rafael, como informado anteriormente.

Ainda estão sendo procurados o piloto, major-coronel Coutinho, Rafael Oliveira de Souza, de 24 anos, e a noiva dele, Fátima Campos Lopes, de 26 anos. O casal já morava junto há cerca de um ano. As buscas foram interrompidas no ontem à tarde e serão retomadas hoje. No Rio, Leila Coutinho, irmã do piloto, fez um apelo para que as autoridades da FAB não abandonem as buscas sem que todos os corpos sejam encontrados. "Queremos que todos voltem. Não importa como".

O plano de vôo, destroços da aeronave e a carteira do piloto também foram encontrados na Praia de Manguinhos e levados para o Quartel da Polícia Militar, na capital capixaba. Também foram recuperados os bancos do avião e os pertences pessoais das vítimas, que boiavam na Praia de Jaraípe. As praias ficam no município de Serra, na Grande Vitória.

Quarenta homens da Força Aérea Brasileira (FAB), dois aviões e um helicóptero fazem as buscas aos corpos e aos destroços do avião. Segundo o tenente-coronel Salgueiro, lanchas particulares também auxiliam nas buscas, além das polícias Civil e Militar, o Corpo de Bombeiros e a Capitania dos Portos.