Brasília (AE) – Depois de levar a culpa pelo foco de aftosa em Mato Grosso do Sul, o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, chamou hoje (27) a bancada ruralista para uma conversa pacificadora. No encontro, o ministro confirmou a liberação de R$ 300 milhões para apoiar a comercialização de arroz, trigo, algodão e farinha de mandioca e de R$ 33 milhões para ajudar os pecuaristas que tiverem seus rebanhos abatidos por causa da doença. Ambos os dados já haviam sido divulgados pelo ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues.
Em outra ação, o Ministério da Agricultura anunciou um pacote de R$ 554 milhões para apoiar a comercialização de grãos. Porém, o secretário de Política Agrícola, Ivan Wedekin, negou que o programa tivesse relação com a crise da aftosa ou com a conversa de Palocci com a bancada ruralista.
O presidente da Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados, Ronaldo Caiado (PFL-GO), admitiu que a conversa com o chefe da área econômica "foi mais amável". "Foi uma conversa objetiva e direta, mas ele não nos pediu (à bancada ruralista) nada em troca", disse Caiado, refutando qualquer possibilidade de barganha para que os ruralistas ajudem nas votações de interesse do governo no Congresso Nacional. "Somos muito difíceis em relação a isso", disse.
Para Caiado, a conversa "foi amável porque o governo sentiu que a aftosa e o embargo de vários países à carne brasileira pode ter impactos econômicos". Outro motivo que pode ter sensibilizado o governo, segundo ele, é o fato de a doença ter atingido um importante Estado da pecuária de corte. "A credibilidade da carne brasileira pode estar sendo colocada em dúvida, um trabalho de muitos anos pode ser deteriorado em alguns minutos", disse Caiado. O parlamentar disse que Palocci deu "total apoio" a seu colega da Agricultura.
O pacote de apoio à comercialização de produtos agrícolas prevê a compra, pelo governo, de 3,2 milhões de toneladas de grãos. "É uma intervenção importante no mercado no momento de entressafra", disse Wedekin. Serão beneficiados cinco produtos: arroz, trigo, algodão, milho e a mandioca. Do total de gastos, R$ 290 milhões serão em operações com vencimento ainda neste ano.