O advogado Rogério Buratti disse, nesta sexta-feira, em depoimento na Delegacia Seccional de Ribeirão Preto que o então prefeito do município e atual ministro da Fazenda, Antonio Palocci, recebia R$ 50 mil por mês de empresa Leão Leão, prestadora de serviço de coleta de lixo da cidade. Na época, Buratti era assessor de Palocci.
As informações foram dadas pelo promotor Sebastião Sérgio da Silveira, uma das pessoas responsáveis pelo depoimento.
De acordo com o promotor, o intermediário das negociações era o ex-secretário de Palocci, Ralf Barquete dos Santos. "Ele disse que o esquema era acertado com o Palocci e que o Ralf era o emissário para receber. O saque era feito em dinheiro dos bancos Banespa e Bradesco, sempre através de notas frias que eram compradas no mercado. Ou as notas eram fornecidas pelo beneficiário ou a Leão as fornecia", explicou. "O acerto foi feito com a diretoria e o Ralf ia todo mês buscar esse dinheiro na Leão".
O promotor disse que Buratti explicou que o esquema de pagamento continuou durante o governo de Gilberto Maggione, após Palocci ter deixado a prefeitura para assumir o Ministério da Fazenda.
Segundo o promotor, o esquema envolvia, também, outras prefeituras do estado de São Paulo, mas a forma de pagamento era diferente. "Em Ribeirão Preto não era percentagem, porque, segundo ele, o preço ficava apertado. Agora, nas outras cidades, o pagamento variava em torno de 5% a 15% do faturamento", explicou o promotor. Buratti acrescentou que em Matão (SP), por exemplo, o acerto seria de 15% do contrato.
O promotor, no entanto, afirmou que Buratti não sabia se o dinheiro era enviado para o diretório nacional do PT em São Paulo. "Ele disse que ouviu do Ralf que o Palocci determinava a entrega desse dinheiro ao diretório do PT em São Paulo", afirmou Sebastião. "Ele afirma que eram destinados ao prefeito de Ribeirão Preto, na época, R$ 50 mil. Era o ministro Palocci no início e, posteriormente, o Gilberto Maggione", disse.
Ontem, o Ministério Público concedeu o benefício da delação premiada a Buratti. Ele poderá ter a pena reduzida em troca da divulgação de informações. "Ele está colaborando, falando tudo. E o que ele fala está de (acordo) com as outras provas que a gente tem", explica o promotor.
