Moscou – O ministro da Fazenda, Antonio Palocci, pediu hoje (10) ao governo russo que desista do embargo imposto à carne brasileira nos Estados que não foram afetados pela febre aftosa. Moscou é um dos maiores destinos das carnes brasileiras, mas optou por uma restrição a regiões que não foram afetadas pela doença como forma de precaução. O que o governo quer, portanto, é que o embargo seja restrito aos locais onde de fato foram verificados os focos da doença.
Os russos indicaram a Palocci que vão avaliar as informações passadas pelo Brasil e que, em um "próximo período", podem flexibilizar as restrições. Assessores de Palocci, porém, admitiram que não sabem o que os russos quiseram dizer ao se referir a um "próximo período", mas esperam que essa flexibilização signifique o fim do embargo aos Estados não afetados.
Palocci aproveitou sua passagem por Moscou, onde participa da reunião do G-8 (grupo das maiores economias do mundo) para pedir uma audiência com o Ministério da Agricultura russo. No encontro, o ministro insistiu que não haveria motivos para manter o embargo em locais que não teriam contato com as áreas afetadas pela doença. No total, os russos vetaram a carne de oito Estados brasileiros.
Moscou impôs as restrições para carnes abatidas após o dia 12 de dezembro de 2005, mas até agora a sanção não causou repercussões nos embarques brasileiros para a Rússia. A manutenção dos níveis de exportação é motivo de surpresa para muitos dentro do setor.
Para Palocci, sua tentativa de convencimento foi apenas mais uma etapa da pressão que o governo está fazendo para explicar a situação. A flexibilização do embargo, portanto, seria o fim das restrições aos Estados vizinhos ao Paraná e Mato Grosso do Sul, onde os surtos de aftosa foram detectados.
No total, o Brasil exportou US$ 554 milhões para a Rússia em 2005 em carne bovina. Em 2004, esse valor era de US$ 240 milhões. No setor de carne de frango, o aumento entre os dois anos foi superior a 70%, enquanto o setor de carne suína teve um aumento de mais de 100% entre 2004 e 2005.