O coordenador da transição para o novo governo, Antônio Palocci Filho, reúne-se amanhã (27) com o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, para discutir o alcance do relatório de diagnóstico do atual governo, que ficará pronto em duas ou três semanas. Cinco relatórios setoriais elaborados pelos técnicos da transição estão sendo entregues a Palocci, que cuidará da elaboração de um único documento a ser entregue a Lula.
Palocci explicou que o relatório vai listar os principais problemas a serem enfrentados pelos novos ministros nos primeiros dias de governo e citou como exemplo a área de Saúde. O futuro ministro terá dois grandes problemas a enfrentar logo que assumir: a definição de uma política de preços para os medicamentos (a que está hoje em vigor, com tabelamento, termina no dia 31 de dezembro) e as ações de prevenção à dengue.
?A dengue tem de ser tratada agora, não mais tarde, na epidemia?, disse. ?Ou se faz o que puder agora, ou depois faremos só balanço da epidemia.? Ele ressaltou que os relatórios não terão uso político: ?Não nos interessa avaliar o momento atual. Isso quem faz é o povo, no processo eleitoral.? Segundo Palocci, os problemas que estão sendo listados são conhecidos: o Orçamento, a economia, os problemas na área de saúde e educação. ?Não são problemas fora de perspectiva de solução?, comentou.
?Mas são questões importantes que farão o primeiro ano um ano de muito trabalho, não vai dar para descansar.? O coordenador concedeu a entrevista antes de reunir-se com o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Sérgio Amaral, com quem trataria de duas questões: a crise no setor aéreo e o organograma do ministério. Lula quer que o tema comércio exterior seja ligado diretamente à Presidência da República, mas hoje o tema é tratado no Desenvolvimento.
Palocci também esteve à tarde com prefeitos do PT, que pediram uma relação mais próxima com o novo governo. Isso poderá ser feito, segundo o coordenador, com a criação do Ministério das Cidades. Ele disse que os prefeitos também estão muito atentos às promessas de empréstimos do Banco Mundial (Bird) e do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), pois parte deles será destinado a Estados e municípios.
Palocci confirmou que está conversando com o ministro-chefe da Casa Civil, Pedro Parente, sobre a prorrogação do fundo de ressarcimento das perdas decorrentes da Lei Kandir, principal pleito dos governadores do PSDB que se reuniram com Lula ontem (25). ?Há vontade de prorrogar por parte do atual governo e o presidente Lula acha que tem de haver um mecanismo de apoio aos Estados?, disse Palocci, que acha o pleito justo. ?O problema é que não estruturaram recursos para isso.? Para manter o fundo, como querem os Estados, seriam necessários R$ 3 8 bilhões em 2003. No entanto, o Orçamento prevê apenas R$ 1,7 bilhão.
?Dizer que sim não resolve, tem de dizer sim e encontrar R$ 2 bilhões?, disse Palocci. Ele informou que, até o momento, não foram encontradas fontes de financiamento para essa despesa extra. ?Não temos nenhuma pista, estamos aceitando sugestões?, brincou.