A derrota do governo no episódio da Medida Provisória 232 evidencia um amadurecimento de setores da sociedade e o esgotamento da idéia de que o governo tudo pode, em tudo manda e faz o que bem entende com o País.

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Desta feita, aproveitando um reajuste de 10% na tabela de retenção do Imposto de Renda de pessoas físicas, medida que se impunha e deveria ser superior a 60%, tal a defasagem existente carcomendo os ganhos dos trabalhadores, o Poder Executivo enxertou na mesma MP um aumento de tributos para prestadores de serviços.

Não esperava a reação que acabou tendo de enfrentar. Ou melhor, da qual está tendo de fugir, amargando derrotas nas várias batalhas que se sucedem no trâmite do assunto. Setores organizados da sociedade, liderados por empresários, organizaram movimento nacional contra o aumento de tributos, barrando a MP da qual aplaudiam apenas a correção da retenção do Imposto de Renda, aliás, objetivo primeiro e que deveria ser o único da 232. Dir-se-á que o protesto foi feito por quem está diretamente interessado em impedir os reajustes tributários enxertados na MP, mas não se pode esquecer que o movimento encontrou eco no Congresso, não só na oposição, mas também nas hostes situacionistas. E na população, que o apoiou até com manifestações em praça pública.

O povo começa a descobrir que as palmas que generosamente oferece ao governo muitas vezes não surtem os efeitos positivos desejados. Que, vez ou outra, são necessárias algumas boas palmadas, demonstrando ao governo que, em última instância, quem manda – e deveria ter sempre mandado -, é o povo.

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E o povo não agüenta mais a elevada carga fiscal que consome mais de um terço da renda dos brasileiros, sem nenhuma compensação que justifique esse massacre.

O governo, em qualquer de seus níveis, federal, estaduais ou municipais, é ineficiente, pesado, mastodôntico, caro e a cada dia fica mais caro. E não ajuda o desenvolvimento do País e a conquista do bem-estar do povo. Pelo contrário, atrapalha, na medida em que retira recursos do setor produtivo, reduz os empregos na iniciativa privada, os ganhos dos trabalhadores e das empresas e alimenta uma enferrujada e crescente burocracia que, no atual governo federal, se avolumou a olhos vistos. Há muito empreguismo, proteção a ?companheiros? com a distribuição de benesses e cargos, descontrole administrativo e, não raro, desorganização e incompetência nos programas criados à guisa de resolver os problemas mais graves da nação.

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O povo não agüenta mais aumento de impostos sem a devida compensação. E já aprendeu que às vezes é bom substituir as palmas por algumas palmadas.