Em Palmas, município situado no sudoeste do Paraná, houve uma das maiores reduções na taxa de mortalidade infantil Estado. A taxa, que era de 35,62% em 2002, caiu para 19,87% em 2005, e para 16,14% até seis de dezembro deste ano. Em 2006, das 991 crianças que nasceram vivas no município, apenas 16 morreram. Em 2005, nasceram em Palmas 1.107 crianças, 22 das quais morreram.
Essa queda foi importante na redução de mortalidade do Paraná, que teve no período de 2000 a 2005 uma redução de 16,7% na taxa de mortalidade infantil, a maior queda entre os Estados brasileiros.
Em recente reunião do Comitê Regional de Prevenção da Mortalidade Materna e Infantil da 7a Regional de Saúde, com sede em Pato Branco e reunindo quinze municípios da região, a assessora da Secretaria Municipal de Palmas, Suzana de Ross, apresentou a experiência na redução da mortalidade infantil em mais de 50% desde 2002, enfatizando a reorganização administrativa, a estratégia do Programa Saúde da Família e a integração da equipe com o Comitê Municipal de Prevenção da Mortalidade como principais fatores da redução da taxa de mortalidade infantil em Palmas.
Para o secretário municipal de saúde do município, Célio Schernosk Ribas, essa queda é resultado de uma mudança de cultura que houve na cidade, tanto do pessoal da área médica como da comunidade. Segundo ele, uma peça importante na obtenção desse resultado foi o trabalho dos agentes comunitários, do Programa Saúde da Família (PSF), coordenada pela Secretaria estadual da Saúde. No município atuam cinco equipes de PSF, fazendo uma cobertura de todo o município.
O diretor da 7a Regional de Saúde, Valmir Dallacosta, explica que o município de Palmas é um dos maiores em área geográfica do Paraná, possui grandes fazendas, áreas de reflorestamento, agricultores sem-terra que ainda não foram assentados e reserva indígena. ?Esta realidade dificultava as ações para diminuir a taxa de mortalidade infantil no município, até o dia em que a comunidade resolveu sensibilizar-se para o problema, dinamizando o comitê municipal de prevenção da mortalidade infantil?, conta.
?O pessoal da área da saúde resolveu ver o que estava acontecendo e um planejamento foi feito para resolver o problema. Há um ano, a Regional de Saúde cedeu uma funcionária à prefeitura de Palmas para coordenar o trabalho. Mais tarde designou dois técnicos, um médico e uma profissional da área de epidemiologia, que vão duas vezes por semana à cidade?, observa Valmir Dallacosta.
A coordenadora das ações estratégicas da Secretaria Municipal de Saúde de Palmas, Suzana de Ross, diz que contribuiu muito para a redução da taxa de mortalidade o protocolo de exame de pré-natal próprio do município e o aumento de ofertas do número de consultas em ginecologia, obstetrícia e pediatria nos postos de saúde da cidade. Também a descentralização da obstetrícia, que passou a atender nos bairros e na zona rural, foi importante.
Uma equipe do Programa Saúde da Família passou a atender a área indígena do município e os exames de pré-natal foram centralizados num único laboratório da cidade, o que permitiu acompanhar as gestantes. Além disso, no dia da coleta é feita uma ação educativa junto às gestantes. Mas segundo Suzana de Ross, uma ação decisiva foi o trabalho de conscientização das equipes de PSF, que se tornaram responsáveis pela diminuição da mortalidade infantil.
Segundo Valmir Dallacosta, contribuiu muito na região para a diminuição das taxas de mortalidade materna e infantil a implantação do programa Ser Mulher, da Secretaria estadual da Saúde, que funciona junto ao consórcio intermunicipal de saúde e com os hospitais de referência em alta complexidade. ?O Hospital São Lucas, de Pato Branco, tem atendido com quota zero tanto a mãe como o bebê, na gestação de alto risco?, observa Dallacosta.
?Também foi importante para a redução da taxa de mortalidade infantil a entrega, pelo Governo do Paraná, de equipamentos de última geração para a gestação de alto risco, e de Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) para os hospitais São Lucas e Policlínica, em Pato Branco. Todas essas ações ajudaram muito a melhorar os índices da região. Há menos crianças e mães sofrendo e mais vida. Mas ainda temos muito a avançar?, afirma Dallacosta.
Segundo o coordenador do Comitê Regional de Prevenção de Mortalidade Materna e Infantil da 7a Regional de Saúde, Mauro Mattia, também o município de Chopinzinho vai implantar o programa de estímulo ao aleitamento materno em 2007.
pais Luiz Franco e Maria Paulina Ávila, do município de Palmas, passaram por momentos difíceis há quase três meses. O motivo era o nascimento dos filhos, trigêmeos. Eliel, Daniel e Daniele nasceram no dia 18 de setembro, às 20h, no Hospital São Lucas, de Pato Branco, por causa do alto risco do parto, conta o repórter Diego Argenta, do jornal Paranasul, de Palmas.
As complicações de saúde viriam apenas com o menor dos bebês, a menina Daniele, que ficou 72 dias internada por causa de uma infecção hospitalar, passando por quatro cirurgias, com alto risco de vida. ?Graças a Deus ela foi bem atendida em Pato Branco e Palmas?, desabafou a mãe Maria.
O nascimento dos trigêmeos é um caso raro e acontece, em média, a cada dez anos, segundo dados do Departamento de Saúde de Palmas. ?Há anos não acontecia uma situação como esta?, segundo o diretor do departamento, Célio Ribas.