Palavra do pastor

Para o presidente da República pensar no Carnaval.

A advertência mais que oportuna vem do presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Geraldo Majella Agnelo, que sempre pautou suas declarações pela sobriedade, ponderação e equilíbrio de um genuíno pastor. Ele pediu ao presidente Lula que não use a máquina administrativa em proveito da campanha eleitoral.

Dom Geraldo tem uma visão essencialmente pragmática das coisas e se referiu ao gesto natural, demasiado humano, como diria Nietzsche, de vir alguém empolgar-se tanto – sobretudo na esfera pública – a ponto de perder o senso da realidade e valer-se das vantagens do cargo para pedir votos.

Trata-se, na verdade, de espaço demasiadamente estreito por onde transitam os homens públicos brasileiros, não raro encandeados pelo brilhantismo que atribuem ao estilo pessoal de administrar. Apesar das advertências construtivas sempre em voga e os freqüentes apelos à razão, o político de massa precisa de muita resistência interior para não se deixar arrastar pelo deslumbramento.

Afinal, setor relevante da opinião pública, órgão representativo dos bispos brasileiros e sua responsabilidade pastoral sobre os católicos de todo o País, a CNBB cumpre o papel preponderante de dar à luz uma preocupação que não se restringe apenas a ela. O clima pré-eleitoral respirado por esses dias requer proficiente reflexão de parte dos homens de inteligência e personalidade.

Uma etapa do ciclo institucional do País – a eleição presidencial -, apesar das boas intenções de alguns setores da sociedade, infelizmente ainda está longe de alcançar a plenitude da letra prescrita pelo rito democrático.

Mais uma vez o eleitor será chamado às urnas e cumprirá o dever no dia 1.º de outubro, todavia sob o peso duma série de dúvidas e sobressaltos e, em muitos casos, descrente dos paradigmas de justiça, progresso e liberdade, bandeiras que nos últimos tempos foram lançadas ao pó.

Vistas por esse único prisma, as palavras de dom Geraldo já mereceriam o escrutínio diligente do presidente Lula e sua equipe de governo. Rezemos para que o pastor não tenha falado em vão.

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