O deputado federal paranaense José Janene, um dos principais componentes do Partido Popular (PP), que até outro dia teve como emblema o indefectível Paulo Maluf, foi guindado ao proscênio da política nacional – e aí desfruta da notoriedade que lhe é merecida – pela batelada de denúncias de Roberto Jefferson, quanto ao pagamento do mensalão a políticos da aliança.
Um sobrinho do deputado José Janene, Aristides Barion Júnior, em declarações publicadas ontem, disse não ter ficado surpreso com o fato de o tio ser citado como operador do mensalão no âmbito de seu partido, aliás como confirmara o presidente do diretório do PP no Distrito Federal, Benedito Domingos.
Sem entrar no mérito das declarações de Aristides Barion Júnior e, tampouco, nas evidências de desavença profunda entre parentes – Júnior é filho da irmã de Janene -, não se pode esconder o desempenho pouco ortodoxo e as constantes polêmicas suscitadas pelos métodos de atuação do parlamentar.
Não é novidade para o observador relativamente inteirado da política paranaense a desenvoltura com que o deputado José Janene conquistou mandatos seguidos para a Câmara Federal nem a facilidade para integrar o bloco de apoio ao governo, seja ele qual for. Como alguém que troca de camisa, Janene não teve pejo em abandonar o bloco de FHC e o apoio à candidatura Serra, para desembarcar com armas e bagagens na base política de Lula.
Desvios de verbas da Prefeitura de Londrina, enriquecimento ilícito e improbidade administrativa são algumas das acusações constantes da ação civil instaurada pelo Ministério Público do Paraná contra José Janene. A ação em curso baseou-se no relacionamento mantido pelo deputado com o prefeito cassado Antônio Belinati e 26 pessoas físicas e jurídicas também acusadas de dilapidação de verbas municipais.
Esses fatos ocorreram em 1999 e as fraudes foram descobertas pelos promotores em diversas licitações lançadas pela Prefeitura de Londrina. Janene colocou à disposição da Corregedoria da Câmara dos Deputados seu sigilo bancário, fiscal e telefônico, garantindo possuir uma casa, metade de um apartamento na praia e uma fazendinha de 120 alqueires. Em relação ao sobrinho, lembrou prejuízo de R$ 5 milhões que o mesmo teria dado a suas empresas.