O Palácio do Planalto entrou com força na tentativa de limitar a comissão
parlamentar de inquérito que deverá investigar o mensalão. A idéia era conseguir
aprovar na Câmara o requerimento de CPI formada exclusivamente por deputados –
comissão considerada mais fácil de controlar do que uma CPI mista, integrada por
deputados e também senadores. Para isso, foi necessária a participação do
presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
A partir da meia-noite de hoje, a
Medida Provisória 249, que abria crédito no Orçamento para financiar as tropas
brasileiras no Haiti, passou a trancar a pauta da Câmara, o que impedia a
votação do requerimento da CPI. Para limpar o caminho, o Planalto precisou
retirar a MP em ato publicado numa edição extra do Diário Oficial. A revogação
foi avaliada como uma intervenção direta do presidente no processo legislativo,
num gesto colocou Lula novamente no centro da crise.
Só que os líderes
governistas não tiveram energia para manter a maioria em plenário e a sessão foi
derrubada. Com isso, não foi possível votar o requerimento que criava a CPI
exclusiva dos deputados.
A comissão deverá investigar não apenas o
mensalão, mas também a suposta compra de votos para aprovar, em 1997, a emenda
que permitiu a reeleição do presidente Fernando Henrique Cardoso.
A
retirada da MP permitiu que o presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE),
em uma manobra a favor do governo, colocasse o requerimento em pauta. A
discussão durou boa parte da noite de quarta-feira e do dia de quinta-feira, mas
as manobras não funcionaram.
A oposição entrou em obstrução e impediu a
votação.