Os brasileiros contam hoje com a menor quantidade de leitos hospitalares já registrada nos últimos 30 anos. As internações, por outro lado, seguem um movimento ascendente, assim como o número de estabelecimentos de saúde, reduzindo de 146 para 6 o total de municípios onde não havia sequer um posto de atenção básica. Criado para garantir o acesso universal, o Sistema Único de Saúde (SUS) ainda não chegou lá, mas 70,9% das unidades existentes no País, sejam públicas ou privadas, prestam atendimento gratuito para os pacientes.
Os dados são da pesquisa de Assistência Médico-Sanitária, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), realizada em parceria com o Ministério da Saúde. Baseado em dados coletados em 2005 nos 5.564 municípios brasileiros, o perfil da oferta de serviços de saúde no País mostra que o total de 443,2 mil leitos registrados no ano passado é menor que o encontrado em 1976. A média nacional é hoje de 2,4 leitos por mil habitantes – inferior ao parâmetro do Ministério da Saúde, estabelecido em 2,5 a 3 vagas por mil habitantes. Apenas Sul e Centro-Oeste ultrapassam a recomendação oficial. No período entre as duas últimas pesquisas, 2002 e 2005, a proporção de leitos caiu 5,9%.
Secretário-executivo do Ministério da Saúde, Jarbas Barbosa observa que a expansão da atenção primária, do acesso às vacinas e do Programa de Saúde da Família (PSF), associados aos avanços tecnológicos, dão fôlego à redução de leitos. "Acredito que a tendência de queda vai persistir", diz, negando que a menor quantidade de vagas de internação seja decorrente de falta de investimento. Segundo ele, a disponibilidade é mais importante do que a existência física do leito.
A pesquisa mostra que a diminuição de leitos foi puxada pelo setor privado, que perdeu 30,6 mil vagas entre 2002 e 2005, ante um ganho de 2.647 leitos no setor público. Para o secretário, a redução deve se acentuar nos hospitais privados de pequeno porte de até 50 leitos. "Eles hoje se encontram sufocados pela expansão do leito público", diz.
Já o total de internações no País cresceu 16,3%, chegando a 23,2 milhões, segundo o IBGE. No Amazonas, ocorreu o maior aumento do País: 96,4%. Já Brasília foi contra a corrente, com uma redução de 30%.