Brasília ? Os 20 anos de criação da primeira Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher, situada no município de São Paulo, serão comemorados hoje (31) durante o Encontro Nacional de Delegadas, que se realiza em Belo Horizonte. Segundo a subsecretária de Ações Temáticas da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, Aparecida Gomes, atualmente existem no país 340 delegacias como essa, que registram cada uma entre 30 a 60 casos de violência contra a mulher por dia.
Para a subsecretária, com a implantação de delegacias especializadas para atender mulheres vítimas de violência, o problema ganhou maior visibilidade. "Até a criação das delegacias, nós não tínhamos números, não tínhamos conhecimento de que o problema era tão grande", afirmou ela, em entrevista à Rádio Nacional AM (Brasília). Na avaliação de Aparecida, não há como afirmar que a violência contra a mulher aumentou ou diminuiu nos últimos anos.
"Não é que aumenta o número de casos ou diminui, mas eles têm maior visibilidade. As mulheres começam a acreditar que o Estado tem um serviço que dá resultado, que efetivamente presta atendimento e elas pedem socorro. Acho que nesse sentido as delegacias avançaram muito e nos ajudaram a construir outras políticas de atendimento", disse.
Na avaliação de Aparecida Gomes, o número de delegacias para mulheres ainda é insuficiente. "É muito pouco. Dentro do Plano Nacional de Política para as Mulheres, que foi aprovado na conferência no ano passado [1ª Conferência Nacional de Políticas para Mulheres], a nossa meta é dobrar o número de delegacias". Segundo ela, as regiões Norte e Centro-Oeste são as mais carentes de delegacias destinadas ao atendimento da mulher vítima de violência.
A subsecretária afirmou ainda que, para combater a violência contra as mulheres, é preciso investir na construção de uma rede de atendimento. "Não é só a delegacia que vai cumprir esse papel, não é só a ela que cabe resolver o problema", disse, ao destacar a importância da aprovação do projeto de lei que estabelece a punição para o crime de violência contra a mulher, em tramitação no Congresso, e da construção do Centro de Referência de Atendimento à mulher, "que vai dar atendimento psicológico e social" às vítimas.