O aumento da agressividade das intervenções do Banco Central (BC) no mercado de câmbio, com compras maciças de moeda estrangeira, deve levar as reservas internacionais do País a alcançar já nesta semana a marca de US$ 100 bilhões – nível sem precedentes na história do País. Na quinta-feira passada, quando bateram em US$ 98,2 bilhões, as reservas já atingiram outra marca histórica de cerca de 60% da dívida externa do Brasil, que soma US$ 163,281 bilhões.
Para muitos economistas, esse porcentual contribuirá para que a economia brasileira seja finalmente melhor avaliada pelas agências internacionais de classificação de risco e alcance o chamado grau de investimento. ?É o caminho para chegarmos ao investment grade?, diz o ex-diretor de Assuntos Internacionais do BC Carlos Eduardo de Freitas.
Na opinião de alguns analistas, as reservas poderão, no limite, passar a marca de 100% da dívida externa. O problema é que não há consenso sobre a necessidade de se ter mais reservas que dívida externa. ?Se formos investment grade, veremos a entrada ainda maior de dólares no País. Os problemas do BC para evitar a valorização excessiva do real só se renovarão?, diz Freitas.
Outro inconveniente é que o acúmulo excessivo de reservas reduz a demanda de agentes econômicos por mecanismos de proteção contra variações cambiais nos mercados privados. Esses mercados de hedge fornecem liquidez a grande número de operações e ajudam a formar a taxa de câmbio, mas correriam o risco de ficar esvaziados. ?Com reservas acima de 100% da dívida, teremos o BC como o grande provedor de hedge aos agentes de mercado que captam recursos no exterior’, comentou um analista.