Com o currículo de quem presidiu a CPI do Banestado e a experiência de titular do PSDB em outras quatro comissões de inquérito – Bingos, Futebol, Roubo de Cargas e ONGs – o ex-senador Antero Paes de Barros vai assessorar o PSDB nas investigações sobre o caos aéreo e a corrupção na Infraero. Depois da derrota na disputa pelo governo de Mato Grosso, ele foi chamado de volta a Brasília pelo presidente nacional do partido, senador Tasso Jereissati (CE), preocupado em garantir uma atuação técnica e competente dos tucanos na CPI.
Apontado como um franco atirador do PSDB, sempre implacável nas críticas ao governo e ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Barros já definiu sua tática na missão de desvendar a crise no setor aéreo. Ele pretende reunir boa parte dos assessores com quem trabalhou no inquérito do Banestado entre 2003 e 2004, para apurar a remessa ilegal de cerca de US$ 30 bilhões ao exterior. São técnicos competentes especialistas na análise e cruzamento de dados bancários, por exemplo.
Os tucanos querem que Antero atue no bastidor, municiando o PSDB na investigação das condições de trabalho dos controladores de vôo; das razões dos repetidos atrasos nos aeroportos, da compra da Varig pela Gol e das denúncias de superfaturamento em contratos e obras da Infraero.
A preocupação do PSDB é evitar que a CPI do Apagão repita o fracasso das anteriores, como do Mensalão, que mal conseguiu funcionar e terminou sem ter sequer um relatório aprovado. No caso do Banestado, por exemplo, o próprio Antero denunciou o rolo compressor do governo. Segundo ele, o PT e seus aliados "não deixaram votar o meu relatório final, que incriminava as autoridades do governo que mandaram dinheiro ilegalmente para o exterior".
A oposição será composta por dois titulares tucanos – Sérgio Guerra (PE) e Mário Couto (PA), e outros dois democratas, Antônio Carlos Magalhães (BA), José Agripino (RN) e Demóstenes Torres (GO). A idéia é que Sérgio Guerra atue em parceria com o deputado Gustavo Fruet (PR), indicado para compor a CPI na Câmara ao lado dos deputados Vanderlei Macris (SP) e Mendes Thame (SP).