Menos de vinte meses para o término do mandato presidencial e um projeto antecipado de reeleição ameaçado pelo bombardeio da indefinição programática do governo, a desarticulação da base parlamentar e a crise interna do PT, a atenção dos chamados ministros da casa parece ter rompido o grosso casulo onde permanecia enclausurada.
José Dirceu, Antônio Palocci, Luiz Dulci e Luiz Gushiken fizeram uma convocação geral aos colegas ministros para selar o pacto de atuação coesa no tempo que resta de mandato. Foram convidados para um almoço no Palácio do Planalto os ministros do PT, PMDB, PL, PCdoB, PL e PSB (Ciro Gomes estaria migrando para este partido), a fim de deixar clara a missão de cada um e do coletivo ministerial.
O prato principal – não poderia ser outro – foi a reconstrução da base aliada no Congresso, especialmente na Câmara dos Deputados, onde o governo tem colhido constantes reveses.
No Senado, por enquanto, a situação está sob controle mercê do apoio garantido pela bancada majoritária do PMDB, cujo comando pertence aos senadores José Sarney e Renan Calheiros.
A diferença estilística flagrante entre José Dirceu e Aldo Rebelo também figurou no cardápio, posto que aliviada de momento pela rara conjunção de esforços no sentido de barrar a CPI dos Correios e dar enérgica resposta ao pronunciamento de FHC, quanto à embriaguez momesca do governo.
Aldo vai continuar ministro da Coordenação Política, mas os demais ministros receberam a incumbência de interagir com as bancadas de seus partidos na concertação de um pacto mínimo de fidelidade aos projetos do presidente Lula.
Mesmo perdendo a batalha da implantação da CPI, terreno sempre viscoso e traiçoeiro, o governo torna público o incontido desejo de segurar o PTB em suas malhas. O PV foi o primeiro a abandonar o ninho e qualquer outra defecção, nesse momento, seria caótica.
Lula, que não mais consegue esconder a condição de costureiro sofrível, tem imensa colcha de retalhos a remendar.