O paciente José Matias da Silva, que estava internado no Centro de Terapia Intensiva (CTI) do Hospital e Maternidade Voluntários, na zona norte de São Paulo, morreu hoje às 17 horas, aos 46 anos. Acompanhado de uma comitiva de pelo menos 22 pessoas, o candidato a prefeito Paulo Maluf (PP) esteve ontem de manhã no CTI, sem seguir nenhum tipo de precaução exigida para a entrada nesse ambiente, que abriga doentes em risco de morte.

Ao ver Maluf no CTI, Silva chamou-o. “Mate os bandidos”, pediu. “A Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar) vai para a rua”, respondeu o candidato do PP a prefeito de São Paulo, dando-lhe a mão, fazendo uma promessa sobre um órgão do Estado. “Você vai ficar bom.” O paciente estava internado no Hospital Voluntários desde segunda-feira. Silva foi vítima de uma tentativa de assalto e levou um tiro na barriga. O fígado foi o principal órgão atingido. O Conselho Regional de Medicina (CRM) abriu um expediente para investigar se os diretores do hospital feriram a ética médica ao permitir a entrada da comitiva. “Estamos muito chateados com isso, erramos e assumimos. Não fizemos nada por mal. O paciente estava mesmo em estado grave”, disse o diretor-presidente do Voluntários, Francisco Tortorelli.

Maluf afirmou hoje cedo, antes de saber da morte de Silva, que voltaria a visitar uma UTI, se fosse convidado, mas que trataria de lavar as mãos e seguir as recomendações de higiene exigidas. “Entrei porque fui convidado, nem sabia que ali ficava a UTI. Se dissessem que era para lavar as mãos e botar avental, eu teria feito isso. O importante é que vocês viram na UTI esse senhor que foi baleado quando quiseram roubar o carro dele. Esse é o problema da cidade, saber por que aquele indivíduo estava lá, baleado, e não foi defendido pela polícia”, afirmou.

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