PAC deve definir futuro político de Dilma Rousseff

O futuro político da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, vai ser decidido pelo sucesso ou fracasso do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), lançado ontem pelo governo, avaliam seus colegas do PT. Se o plano, que prevê investimentos de R$ 503 bilhões nos próximos quatro anos, der certo, Dilma poderá se tornar um dos nomes mais fortes do partido para disputar a sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva; se não der, ela terá de recolher os cacos de seu sonho de se tornar a primeira mulher a ocupar a Presidência.

Trata-se de uma probabilidade política que remete a outra, recente – a que levou o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso ao poder por oito anos. Ministro da Fazenda de Itamar Franco no governo que sucedeu o desastre de Fernando Collor, Fernando Henrique conseguiu fazer seu nome colar ao do Plano Real, gestado ainda durante as administrações de Rubens Ricupero e Ciro Gomes. Como o Plano Real ficou identificado com o nome de Fernando Henrique, e não com o de Itamar, Ciro ou Ricupero, ele conseguiu tão largo favoritismo na disputa pela Presidência que derrotou o próprio Lula sem necessidade de segundo turno

Hoje, no Palácio do Planalto e em alguns setores do PT, Dilma já é chamada de Super-Dilma. Se falam de uma determinação dela, dizem: ?Foi a Super-Dilma quem mandou.? Seus subalternos na Casa Civil sabem o quanto é penoso não estar com tudo pronto na hora em que ela pede. Um servidor do quarto andar, onde fica a Casa Civil – por coincidência, seu gabinete fica exatamente sobre o do presidente, no terceiro -, conta que às vezes dá para ouvir a gritaria da ministra quando ela perde a paciência. Um assessor do presidente lembra que Dilma substituiu José Dirceu, então tido como um superministro. Provou que Dirceu não fez falta ao governo. Pelo contrário. Ela até criou uma espécie de escudo para o presidente, o que Dirceu não conseguiu

A rigor, o PT tem hoje três nomes que são sempre lembrados para uma provável disputa no partido para a sucessão de Lula em 2010. O de Dilma, que sairia muito na frente no caso de sucesso do PAC o da ex-prefeita Marta Suplicy e o do governador da Bahia, Jaques Wagner, que cresceu muito depois de derrotar Paulo Souto (PFL), candidato do senador Antonio Carlos Magalhães.

?Acho que a ministra Dilma tem tudo para se projetar nacionalmente e se tornar um forte nome para disputar a Presidência em 2010?, diz o presidente do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP). ?Mas não nos esqueçamos de duas coisas: outros ministros do partido também podem ganhar destaque e ainda estamos muito distantes de 2010. Essas coisas são assim. Especula-se um nome, mas são fatores políticos que vão determinar quem vai disputar a sucessão. Hoje fica difícil encontrar nexo entre uma coisa e outra.? Berzoini lembra ainda que tanto Marta quanto Wagner são nomes muito fortes.

Para o deputado Walter Pinheiro (PT-BA), se a eleição fosse hoje dois nomes estariam na disputa dentro do PT: o de Dilma e o de Wagner. Ele não vê Marta em condição de brigar com os dois. ?A ministra Dilma Rousseff tem densidade por si só. No caso de o programa dar certo, ela certamente vai ser muito identificada com ele, porque está voltado para a infra-estrutura e isso dá mesmo cacife político?, disse o deputado.

Pinheiro, contudo, acha cedo para falar num nome para a sucessão de Lula, até porque, pela natureza do PAC, ele pode fazer surgir novos líderes. ?Como muita coisa vai ser compartilhada, pode ser que surjam nomes nos Estados em volta do programa. É esperar para ver.

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