Brasília – O P-SOL protocolou no Conselho de Ética do Senado representação contra o presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB), por abuso das prerrogativas parlamentares. A presidente do partido, Heloísa Helena, esteve em Brasília para participar de reunião do P-SOL, e na saída anunciou a decisão.
"Quando um partido faz uma representação para identificação de quebra de decoro, ele investiga o abuso das prerrogativas asseguradas ao parlamentar, os crimes contra a administração pública, intermediação de interesses privados, exploração de prestígio, tráfico de influência e recebimento abusivo de vantagens indevidas. Isso que trata a representação", afirmou.
Heloísa Helena também pediu a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito para apurar denúncias da Polícia Federal relativas à Operação Navalha, que aponta o envolvimento de autoridades com a construtora Gautama. "Só uma CPI tem poder de investigação", defendeu.
O líder do partido na Câmara, deputado Chico Alencar (RJ), recomendou que o presidente do Senado se afaste do cargo durante as investigações. "Queremos o afastamento temporário, para que tudo se esclareça", disse.
Em comentário a jornalistas sobre a iniciativa, Calheiros afirmou: "Nada os surpreenderá [ao P-SOL] do ponto de vista ético e moral". Ele disse ainda que não fará mais comentários sobre o episódio. "Tudo o que eu tinha para falar sobre esse assunto, eu falei ontem."
A representação contra o senador Renan Calheiros cita reportagens que indicariam a ligação de Renan com empreiteiras.
Uma das acusações, já divulgadas pela imprensa e mencionadas na representação, além do recebimento de uma ajuda financeira para pagamento de pensão alimentícia, é a relação com Zuleido Soares Veras, sócio-diretor da Gautama, empresa acusada de fraudar licitações.
"É possível, então, que os contatos do empreiteiro com o representado neste episódio [Renan Calheiros] podem ter se estabelecido para finalidades ilícitas", diz a representação.
De acordo com o documento, "as graves denúncias, além de constituírem indícios da prática de atividades não lícitas pelo senador representado, no âmbito de órgãos da União e do Senado Federal, envolvendo empresas e pessoas concessionárias do Poder Público e reconhecidos lobistas de interesses de empresas contratadas pelo Poder Público, são, por si somente, atitudes parlamentar que supostamente desprestigiaram o Senado e os seus membros, em flagrante prejuízo da já péssima imagem do Poder Legislativo".
O Conselho de Ética do Senado se reúne amanhã (30), quando será escolhido o presidente do colegiado.